quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os sentidos do corpo e significados do imaginário - brincando com recursos sensoriais na terapia ocupacional


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Vamos combinar que já lemos algo sobre Transtornos do Processamento Sensorial, ou Distúrbio de Integração Sensorial(vide outras postagens). 
Mas antes do transtorno, distúrbio, espectro, síndromes e muito mais, há o sujeito, no caso, a criança...e com ela o seu desenvolvimento, sua história, sua família e, se houver, alguma diferença no desempenho.
O que precisamos é saber de que lugar inicia a dificuldade e aliar uma boa compreensão de COMO a criança prefere interagir, brincar, comunicar,  aproveitando os "momentos de ouro" da infância.

Quando a acomodação sensorial organiza a brincadeira e vice-versa
Em um programa de terapia ocupacional muitas vezes nos deparamos com a necessidade de favorecer um ambiente para a criança aprender gradualmente a auto-regular-se em suas vivências sensoriais. A partir daí se conhecer, perceber como lidar nos ambientes, o que precisa para bem viver nos diversos papéis que ocupa na família, escola e comunidade.

Nós, terapeutas, podemos cair na tentação de "receitar" atividades para estimular os sentidos de modo mecânico que talvez não traga benefícios reais para a criança. 

Uma boa terapia é o lugar de encontro da criança com tudo que interessar à sua vida, com seus temores, desafios, gostos, risos e potencial para desenvolver. 
Isto pode ser feito valorizando a  imaginação e criatividade...com muita diversão! 

Dica:
Para crianças com *dificuldades no processamento sensorial tenha sempre por perto diversos materiais sensoriais que possam ser transformados em objetos lúdicos: por exemplo, um colete de neoprene (como se vê na foto) que dá uma pressão profunda pode ser um colete de um jovem guerreiro que carrega uma espada super especial. Espada imaginária que pode ser no mundo físico real de cerdas macias. E que às vezes nem é uma espada mas outro objeto para se proteger.

É legal ter disponíveis materiais com texturas, pesos, cores, volumes, temperatura, solidez, mobilidade e plasticidade diferentes para compor o que chamamos a "dieta sensorial" necessária para cada perfil sensorial, mas nunca esquecendo que é o subjetivo que escolhe e sustenta para se tornar significativo.

Assim são construídos novos mapas de território e de significados a todo momento em que a criança estiver disponível e o ambiente favorável. 

Estou falando de corpo, emoção e cognição - todos dependem de um bom processamento das sensações.  


* Presente em algumas crianças com dificuldades de aprendizagem, do espectro autista, transtorno de coordenação, síndromes, entre outros.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

As coisas que nos fazem únicos - Autismo não é doença

Indico este vídeo pois ele retrata um aspecto importante: 

como cada um de nós sente, processa e responde às inúmeras solicitações do meio ambiente a partir de um modo próprio de existir.  

E que este pode ir se modificando a depender das oportunidades da vida, do contato consigo e com os outros... valorizando a identidade.

Pense nisso antes de achar que o Transtorno do Espectro Autista ou qualquer diferença no desenvolvimento é algo muito longe da nossa forma de viver. 

Podemos aprender a cada segundo da vida!
Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dica de atividade para sala de aula - impressão das mãos


Que tal fazer um exercício agora? Olhe esta imagem e preste atenção em que ela te afeta. 
Depois leia meu comentário. Quem sabe você pode perceber formas variadas a mais das que sugeri em como utilizar esta atividade.
Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO 


Esta dica veio como sugestão para o ensino dos fonemas para crianças com dislexia. 
Achei muito interessante para qualquer criança, pois vai além disso!

Imprimir as mãos com diferentes cores, posições, partes, totalidade, dimensões, combinações. 

Usando a imaginação, memória, percepção, reprodução, história, criação. A partir do corpo!

Em sala de aula dá para fazer várias brincadeiras:

- em subgrupos compondo cenas aliando a alfabetização. 
Dica: vale investir no uso combinado de representações. Os mapas neurais agradecem!
- como composição de "frases-charadas"
- material riquíssimo para lidar com os conceitos matemáticos. Os quais começam a partir das nossas dimensões corporais e do tempo das nossas ações e recombinações.
- podendo inclusive usar outras partes do corpo. O que mais podemos compor com as mãos e joelhos?
Dica: a propriocepção (sentido do corpo) bem vivenciada traz benefícios para o estado de alerta e atenção, além de uma melhor habilidade na coordenação motora ampla e fina.

Vale lembrar:

Integrar sensação e movimento leva a uma percepção mais apropriada do corpo...do real ao imaginário. Não necessariamente nesta ordem.
A arte instiga a estética, a criação e, apesar que algumas pessoas esquecem disso, também o raciocínio e aprendizagem.

domingo, 2 de setembro de 2012

Dica de brincadeira e livro para criança a partir de 6 anos

Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO
Estava em um dos meus passeios favoritos: livraria.  Achei um sonho de livro que há muito tempo tive vontade de fazer algo parecido. Mas ele veio melhor do que meu sonho. Repleto de sequência dos passos daquela brincadeira que na minha infância se chamava: Cama de Gato. 

Quem nunca ficou horas com outro amigo, criança ou adulto, entrelaçando os dedos com barbante tentando até conseguir fazer a cama de gato? 

Bem,  para quem não conhece esta é uma brincadeira onde colocamos um pedaço de barbante inteiro  (unido por um nó) entre as maõs e ao fazer uma sequência  pré-estabelecida com os dedos vamos criando desenhos a partir das novas formas que aparecem. O parceiro tem que tirar a armação sem desfazer e daí podendo seguir em outras formas.
E o melhor, neste livro tem sugestões de outros desenhos.  
Nesta brincadeira estamos incentivando:
-o uso e dissociação dos dedos
-discriminação sensorial
-habilidade da coordenação motora fina
-dominio do tônus muscular
-relação espacial e demais faculdades da percepção visual
-sequência nas praxias
-tolerância a ensaio-erro
-maturação da lateralidade
-cruzamento da linha média
-cooperação 

Continuo fã daquelas brincadeiras onde naturalmente se exercitam diversas habilidades importantes para o desenvolvimento global, de maneira divertida.

Além de ser indicado para qualquer criança em idade escolar uso na clínica com crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação ou Dispraxia de Desenvolvimento, e outras defasagens no desempenho escolar. Uso de maneira criteriosa, quer dizer, a criança precisa ter condições de fazer para não se frustar. E muitas vezes é necessário uma adequação do modo da criança aprender o jogo, de acordo com a idade e, se tiver, alguma disfunção.

Toda brincadeira e jogo devem ter no mínimo o consentimento, prazer, ludicidade e envolvimento ativo da criança. Caso contrário passa a ser um exercício que pode cair só no campo de interesse do adulto.

Vai lá no site da editora www.catapulta.net