sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Autonomia, processamento sensorial, coordenação motora e atenção.Muito além das sessões de terapia ocupacional.

As crianças aprendem nas atividades cotidianas, ajudando e tomando conta!
A atitude do adulto é muito importante nestes momentos. Incentivando o interesse e participação. Criando um ambiente rico de oportunidades.


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Sempre falo às famílias que me procuram: o dia-a-dia é o mais valioso!

É onde se tece quem nós somos e o que podemos vir a ser.

Experimentando, descobrindo, malhando músculos, sensações, sentimentos e vínculos.

O que posso fazer sozinho? Em que preciso de ajuda? Quando é bom estar em grupo? O que a criança aprende sobre si mesmo e o mundo quando participa das atividades da vida diária?

São muitas situações cotidianas onde estão inseridas em um tempo e lugar. Um corpo/sujeito se formando em relação, no contexto, junto a outros corpos, outras pessoas, diversas preferências e modos, de sentir e fazer.

Com a criança que precisa de um atendimento especial  não é diferente. Por mais que na terapia haja recursos primorosos faltará uma parte do caminho da autonomia, se não forem validadas e estruturadas as ações de forma independente no cotidiano. É claro que deve ser considerado as possibilidades de cada um e o nível a ser atingido.

É lá, no dia-a-dia, naquele momento em que a criança se dá conta das necessidades, do prazer, do que precisa para a regular os movimentos, da sensação, por ex. de como ajustar os dedos das mãos para calçar uma meia, da atenção que precisa para vestir uma camiseta do lado correto, do volume do alimento em que pega com a colher, da precisão de movimentos para colocar a pasta na escova de dentes, do tempo de durar a refeição, da sensação em ensaboar-se. Estas ações acontecem devido a um bom processamento sensorial.

Estão lá: as noções de tempo, forma, peso, volume, textura, temperatura, cheiro, sabor, movimento, força, ajustes posturais, coordenação, atenção e mais os tantos pequenos "problemas" que precisamos resolver para grandes aprendizagens da vida, apropriar-se dos auto cuidados.

Antes de chegar a fase de se tornarem automáticas tais ações passam por bons momentos de ensaio-erro, conforto e desconforto,  podendo chegar a ensaios de empoderamento de si. Sem mais, nem menos, tudo de acordo com o nível de desenvolvimento.

Sim, quanto mais a criança descobre e vivencia a independência a seu tempo ela exercita tudo que precisa para sua autonomia. Contando, inclusive, com as questões específicas que por algum motivo estejam em defasagem como a coordenação motora, a atenção, o processamento das sensações, a organização do tempo de fazer as ações cotidianas.

Acreditem. Na rotina diária a coordenação motora fina  é muito mais exercitada do que numa sessão de terapia. Não é raro receber crianças com atraso na escrita que não calçam as suas meias ou que nunca descascou uma fruta com as próprias mãos.

Portanto, além da sessão de terapia:

-CELEBRE  AS CONQUISTAS
 favoreça momentos em que seu filho(a) tente fazer o que é esperado para idade dele nos momentos de: alimentação, vestuário, higiene, dormir, acordar, cuidar de seus pertences e do ambiente em que vive, se locomover, brincar, interagir com o grupo

-ADAPTE
... e se ele não puder fazer sozinho, busque um jeito de auxiliá-lo, sem fazer por ele. Converse com um terapeuta ocupacional se seu filho precisa de adaptações para conseguir realizar de forma independente possível.

- O ERRO TAMBÉM É UM PASSO
 não o poupe de errar, dentro das medidas de segurança cabíveis.

- NÃO SUBESTIME
 valorize o cotidiano como um contínuo aprendizado

- PARA QUEM?
se você é terapeuta sempre converse com a família sobre como pode ajudá-la para transpor os objetivos da terapia para o cotidiano. Os objetivos não devem estar limitados ao programa terapêutico, mas devem ser para melhorar a vida da criança e da família.

                                                                 
                                                                                   Se precisar, ajude.
Pequenas responsabilidades criam repertório para a vida
          
Achei este post que vem de encontro ao que estou colocando agora em evidência.
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