quinta-feira, 16 de maio de 2013

Integrando os sentidos no cotidiano - atividade de culinária

Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

A prática do "fast food" às vezes nos distancia da vivência sensorial que o nosso corpo precisa diariamente!

Estava fazendo uma abobrinha recheada com ricota e ervas e lembrei do quanto sou terapeuta ocupacional. Até na hora de cozinhar! E por que não? Se é no cotidiano que acontece os principais processamentos sensoriais?!

Sentindo o preparo
Além da época de meninice o corpo do adulto continua precisando ser alimentado de sensações para prosseguir vivendo em uma mutável harmonia. Está mais perto do que pensamos!

Usando as mãos de modos diferentes
A hora de preparar a refeição é um desses momentos. Nem sempre temos tempo e disposição, mas se pararmos para pensar, e sentir, na quantidade de benefícios em pelo menos um dia por semana, ou por mês, prepararmos o nosso alimento, veremos que estamos nos nutrindo além do estômago! A quantidade de sensações táteis, proprioceptivas, gustativas, olfativas, visuais integradas à modulação, discriminação e coordenação dos movimentos, às lembranças afetivas, memória, atenção e todos os aspectos da atividade cognitiva já justificam a importância desta ocupação.
Sem falar na oportunidade de interação com o outro, da sustentação da auto-estima, de estimular o senso estético, criatividade, conceitos de matemática, e vários elementos para aprendizagem, contribuindo para autonomia. 
Diversificando a matéria
No campo da reabilitação vemos o quanto é desgastante a família levar seus filhos ou seus pais às terapias. Costumo dizer que em um determinado momento do processo de reabilitação deveríamos priorizar o que acontece em casa. 
E nós terapeutas ocupacionais, guerreiras que levantamos a bandeira das AVDs, atividades da vida diária, ficamos preocupadas quando o que trabalhamos em terapia não vai além do consultório?

Era um, eram dois...era inteiro, eram partes

Então vamos lá, terapeutas, clientes e familiares. Lembrem de alguma receita conhecida ou algo que queiram aprender... e mãos a obra!
Vamos permitir, com segurança, que sejam alimentados nossos sistemas funcionais para aprendizagem contínua sobre nós mesmos e o mundo.


Dicas, que não são receitas:
-pais: estimulem a criançada desde cedo em experimentar a diversidade de texturas, sabores, cheiros dos alimentos. Saber de onde vem o suco, cheirar as frutas, descascar uma mexerica, se lambuzar com um mamão, partir uma banana com as mãos. Verificar a transformação dos alimentos também é uma forma de aprendizagem. Há sempre um jeito de adaptar a atividade a depender do nível e fase da vida. Procure conselhos de uma terapeuta ocupacional.
-filhos: estimulem a seus pais a passarem as memórias de culinária e participarem de algum modo do preparo. É também uma forma de estimulação cognitiva afetuosa.
-terapeutas: que sempre lembremos de fazer aquilo que pedimos que o outro faça. Vivenciar em nosso corpo pode ser uma boa forma de aprender como estimular.

A mandala que será incorporada!!!


terça-feira, 7 de maio de 2013

Novos Critérios Diagnósticos para Transtorno do Espectro do Autismo



A última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ,o chamado DSM-V, inclui algumas mudanças significativas para os critérios diagnósticos para o autismo, agrupando várias doenças* anteriormente separadas em um guarda-chuva. Se você ou seu filho estão no espectro do autismo ou você está no processo de ser diagnosticada, é importante entender essas mudanças no DSM-V, as razões para a nova definição, e como as mudanças podem afetá-lo.

A última revisão do DSM vai ser lançada agora em maio de 2013.
Clique aqui para ler os novos critérios para o diagnóstico para Transtorno do Espectro do Autismo.
*Coloco minha ressalva ao post que fiz o link acima que TEA não é doença. Deixei na íntegra devido a respeitar a transcrição do texto original.

sábado, 4 de maio de 2013

Brincando de "Integração Sensorial" na Terapia Ocupacional

Sim, brincar, sempre brincar!


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Estamos na era das especializações, a criançada com agenda cheia de compromissos, aulas extra curriculares e terapias. Tudo bem, é a realidade dos tempos atuais.
Mas por que não aliar o necessário com o lúdico e prazeroso?!
Para quem precisa de uma ajudinha extra em como lidar com as diferenças orgânicas e dar conta deste mundo que está cada vez mais rápido e "comprometido", precisamos criar situações divertidas em terapia. Estou falando sobre crianças que precisam de terapia por diversos motivos.
Como terapeuta ocupacional sempre fico com um pé no que a criança e a família precisam para bem viver e o outro pé no que a criança me responde em terapia. A resposta pode ser por um sorriso, uma reclamação, alguma dúvida ou por uma conquista, dentre tantas.
O que importa é que venha de dentro, de corpo e alma e que aquilo vivido na sessão faça diferença em sua vida e na da família, construindo novas histórias.Somos e fazemos parte de muitas histórias que vão se encontrando e se refazendo em outras.


A terapia de Integração Sensorial preza por situações lúdicas na qual a criança está em um ambiente onde possa viver o seu corpo por meio de sensações, movimentos e expressões tendo o suporte da terapeuta.
A terapeuta é como um guia, ora ajudando a escolher, ora auxiliando a regular a intensidade das ações, ora ajudando a resignificar brincadeiras, mas sobretudo descobrindo junto à criança formas de ela poder se regular na sua adaptação ao mundo, indo em direção a autonomia. Que para cada um é diferente, a depender do estágio de vida, condição orgânica e ambiental.
Especialmente nesta abordagem contamos com brinquedos que convidem a criança a explorar a gravidade, o equilíbrio, vários planos no espaço e a integração gradual dos  7 sistemas sensoriais para um melhor conhecimento de si e desenvolvimento das funções do organismo.


Alguns pais me perguntam qual a diferença de outras abordagens:
Uma é que nós não treinamos ninguém.
Segunda, e não necessariamente nesta ordem, o envolvimento e interesse da criança é o mote principal da terapia.
E outra, os pais precisam também estar envolvidos. Sabendo o que é feito nas sessões, podendo assistir e participar das brincadeiras. A autonomia não é só uma conquista da criança, mas de toda família.
Fazer Terapia Ocupacional é isto. Vemos a ocupação não como algo no sentido pejorativo de ocupar para "esquecer, distrair", como uma função que não precisa da presença do sujeito. Muito pelo contrário, ocupação é a forma que apreendemos o mundo e nós mesmos, é como e onde expressamos nossa maneira de ser: estudando, brincando, trabalhando, nos relacionando, e por que não, também escolhendo o ócio.

Vai um recado para todos nós, que está na letra de Arnaldo Antunes  "Criança não trabalha, criança dá trabalho"