sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Muito além da Síndrome de Asperger


O filme "Mary e Max - uma amizade diferente" fala de um encontro de duas pessoas que se tornam amigos. Max descobre que tem Asperger. Mas o principal da história é sentir a amizade sendo construída no pano de fundo do autoconhecimento e aceitação da própria individualidade de cada personagem e a entrega do par.
O filme é belo e emocionante. A arte na vida. Vale a pena assistir!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Aplicativo para melhorar habilidade motora fina

Pais e profissionais, viva a tecnologia a nosso serviço!!!
Recebi a notícia deste aplicativo daqui http://www.reabilitacaocognitiva.org/tag/aplicativos-iphoneipad/

O Dexteria tem recursos diferentes para trabalhar os subitens da coordenação motora fina: dissociação de dedos, espaço visual, integração bilateral, relação espacial, pinça madura, entre outros. Dá para brincar em vários níveis e até conferir o relatório de tempo para acompanhar a evolução. E as crianças  ficam motivadas.
Bem, já que não dá para ir à praia e catar "maria-farinha" ( quem for de Recife sabe do que estou falando) vamos ao Ipad.
Ah, imagina usar a "galinha feita de meia" da postagem anterior e fazer o jogo da pinça. Arrasou!
Quem quiser saber mais segue o link
http://www.youtube.com/watch?v=qqvtvBn3hzU

domingo, 18 de setembro de 2011

Material reciclável para coordenação motora fina - incentivando o uso da pinça superior


Adoro quando me enviam sugestões de materiais recicláveis. E com um fim muito útil fica ainda melhor. Esta foi da minha amiga TO Eliane Mendes, que mora lá na minha querida cidade natal, Recife.
Sabe aquela meia que ficou sem par ou que não cabe mais no pé? Pois é, faça uns furinhos para os dedos indicador e polegar. Faça um acabamento legal e está feita uma galinha simpática a ser usada para incentivar a pinça. As crianças adoram colocar a galinha para bicar e pegar coisinhas.


E você pode incrementar com mais criatividade a hora da brincadeira com outros dispositivos também reaproveitáveis. Aqui Eliane usou uma agulha de tricô e bolou um suporte para preensão.
Valeu a dica. Boas invenções para todos nós. As crianças agradecem!


 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Hipotonia resultante de disfunção do processamento sensorial – como a terapia ocupacional pode ajudar

Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

Há muitas origens e causas da hipotonia, algumas congênitas outras adquiridas. Nem sempre é fácil de diagnosticar, e principalmente quando a hipotonia leva a alterações muito além do aspecto motor.
Vale lembrar que nós amadurecemos numa relação contextual de vida. Estamos sempre em conexão com o meio externo e, interno, simultaneamente. Para isso temos um corpo que se estrutura ao longo da vida para poder fazer esta integração.
E quando o corpo amadurece em um tempo e de um jeito diferente da grande maioria? Ou ainda, quando o meio externo não favorece uma “chamada” para este amadurecimento?
Temos estruturas do sistema nervoso que são responsáveis pela regulação do tônus e que estão ligadas a outras estruturas centrais e periféricas do corpo criando mensagens para o ser humano se adaptar aos desafios da vida. O corpo age de “comum acordo biológico” para naturalmente tudo funcionar colaborando, sobretudo para a sobrevivência.
Mas nem sempre isso acontece com fluidez. Por vários motivos. Um deles pode ser pelo código genético com cromossomas que marcam um tipo de tônus. Outro jeito pode ser adquirido por fatores externos e internos afetando o funcionamento orgânico.
Dentre as causas da hipotonia encontramos a disfunção do processamento sensorial que tem origem nas estruturas do sistema nervoso central interferindo, no mínimo, nas etapas de maturação sensório-motora.
Como o desenvolvimento se dá pela cooperação quando algo não amadurece no tempo ou de forma harmônica há também uma interligação de fatores para se configurar o comportamento. Um processo engendra o outro.
Um tônus diminuído pode levar a criança explorar o espaço de forma “econômica” e isto pode levar a uma criação de repertório cognitivo em defasagem com o grupo. Um comando cerebral que regula o tônus muscular de forma inconsistente pode ser responsável também pela criança não ter inciativa em brincar de forma autônoma. Quando o estado de alerta estiver alterado pode resultar em dificuldade de sustentar a atenção numa brincadeira ou na interação social. Desta forma percebemos como o sensorial age sobre o motor e este sobre o cognitivo, e cada um sobre os demais.
Para saber a melhor forma de intervir seja no contexto clínico, nas brincadeiras em casa ou na escola é importante investigar qual a causa e o grau de hipotonia para conseguirmos influenciar na qualidade de desenvolvimento da criança.
Quando houver um ou mais dos seguintes sinais aliados a hipotonia é aconselhável passar por uma avaliação de terapia ocupacional com formação em Integração Sensorial:
-atraso de controle postural.
-alteração do estado de alerta e atenção
-dificuldade nas atividades diárias como alimentação, higiene, vestuário, inclusive a hora de dormir, acordar e sair de casa
-defasagens na coordenação motora ampla e fina
-defasagem no brincar
-alteração na interação social e estado humor
-defasagem escolar, em idade precoce ou tardia. Muitas atividades pedagógicas precisam de uma prontidão corporal para sustentar a atenção, planejamento, e coordenação motora global e fina.
-alteração em outros sentidos como do equilíbrio, tátil, auditivo e/ou visual.
Muitas vezes sintomas de “defensividade sensorial” como intolerância a alguns estímulos inclusive mudanças de posição e pouca habilidade de interação não são investigados prevalecendo a maior atenção somente ao impedimento motor.

Como a terapia de Integração Sensorial pode ajudar

 

 

Dentro da abordagem de Integração Sensorial sabemos que os sentidos vestibular, tátil e proprioceptivo tem grande influência no estado de alerta, na qualidade da atenção, no desempenho das aquisições motoras e nas demais modalidades sensoriais afetando, e sendo afetados pela regulação tônica.  O desenvolvimento se dá pelo funcionamento dos sistemas interligados: motor, sensorial, emocional e social.
Pode se chegar a uma melhor qualidade de tônus principalmente pelas combinações graduadas das informações sensoriais em um contexto de brincadeiras livres ou com um fim específico.
A terapia de Integração Sensorial é construída por meio de situações lúdicas para a criança conhecer e aprender a usar de forma integrada o seu corpo no tempo e espaço adequado para envolver-se nas atividades significativas a ela.

Sugestões para o dia-a-dia

Brincadeiras que favoreçam vivência proprioceptiva como pular, balançar, puxar, carregar. Subir em árvores e brinquedos de parque.
Aprender a sustentar seu corpo nas diversas posturas, de bruços, de lado, sentado, em pé, sempre no contexto lúdico.
Brincadeiras com músicas que favoreçam ritmo. Estabelecer início, meio e fim. Aprender a passar pelos momentos de transição, começar e parar.
Favorecer boas experiências táteis como massagens, toque corporal com pressão, poder se sujar, fazer comidas em grupo.
Brincar com massa de  modelar, argila e demais materiais de artes plásticas.
Ter sempre por perto para as brincadeiras: almofadas, massageador, bichos e bolas com diferentes pesos, formas e texturas
Quando for possível usar canudos, instrumentos de sopro e alimentos mastigáveis
Sentar em superfície firme e com pés apoiados. Sempre ver se o tipo de material favorece um contato para firmeza e sustentação do próprio corpo.
Vale salientar que tudo deve estar ao alcance da criança a depender da fase em que se encontra, dos seus desejos e possibilidades. A prioridade é o sucesso da criança.

domingo, 24 de julho de 2011

Calça para posicionamento de bebês e criança pequena. Reutilize aquela calça velha jeans para brincar!

Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Essa idéia não é minha. Há muitos anos atrás a pedagoga Úrsula Heymeier me contou que uma avó a ensinou a aproveitar calça velha jeans para colocar os bebês. Desde então sempre uso com as crianças e passo adiante às famílias. É indicada para qualquer bebê como também para aqueles que tem alguma disfunção neuromotora e/ou sensorial.
Como fazer:
É necessário encher uma calça jeans com retalhos e/ou flocos de espuma. Fechar costurando as aberturas. A idéia é encher uma almofada em forma de calça. A partir daí vai da criatividade e do material que tiver disponível e, de preferência, que seja reutilizado o que já tem em casa. Pode ser aplique de tecidos com textura diferente, amarrar brinquedos com sons, cheiros e cores para o bebê explorar e aproveitar os momentos em que estiver na calça.
A versatilidade da forma da calça (pernas e parte do abdômen) possibilita um uso dinâmico favorecendo posturas funcionais para as vivências sensório-motoras. 
Para dormir, brincar, sentar, ficar de bruços e em várias posições.
E o melhor: gastando bem pouquinho!
Brincando de lado com alinhamento corporal

Brincando de bruços

Brincando sentado e fazendo as explorações de suporte

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A produção de corpos - do terapeuta, cliente e família

Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

Há muitos anos que me preocupo com o rumo dado ao cuidado e manutenção da saúde do corpo de quem trabalha, se relaciona, brinca, cuida, aprende e vive. Todos nós!
Felizmente os tempos são outros. Hoje não cabe mais aquela velha prática velada: "eu sou o que detém o saber  e vou te curar. E você pacientemente aceitará o que eu disser".
Atualmente temos um número cada vez maior de informações e estamos desenvolvendo uma linguagem com recursos e formas de interação dos diversos conhecimentos. Com tanta informação não é difícil saber que nós, terapeutas, precisamos continuar o processo de "trabalho" sobre nós mesmos se quisermos ter a intenção de "tratar" alguém. Como também olhar para a família que sustenta todo o processo junto ao cliente. Que corpo é este numa multidão? Como faz, como sente, como troca, como cresce, como quer, como toca...como vive.
Acredito que somos um organismo no qual para viver precisamos reconhecer o modo de funcionamento e a valorização da cooperação das partes para o todo se organizar e viver melhor. Seja terapeuta, família ou o sujeito que está no centro do processo.
Uma das referências do meu trabalho tenho como base o Processo Formativo do Stanley Keleman que a Regina Favre tão bem desenvolve aliando a outros autores. Nos anos que vivi intensamente esta formação pude me debruçar nestas questões e passar a olhar a vida como um processo contínuo e orgânico. Com muitas variáveis e desafios. Do micro ao macrosistema. Da célula a biosfera.
Por isso que continuo a estudar e praticar abordagens terapêuticas corporais, em mim e com as pessoas que me procuram.
Deixo um link para quem quiser ler mais sobre o Processo Formativo:
http://laboratoriodoprocessoformativo.com/2011/05/agregando-linguagem-das-ciencias-a-gramatica-da-producao-de-corpos/

domingo, 5 de junho de 2011

Para crianças com disfunção neuromotora e sensorial - o brincar na postura sentada. Uso de material reciclável.

Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Aproveitando o Dia Mundial do Meio Ambiente coloco um "cantinho" que fiz para uma criança pequena usando caixa de papelão. Este modelo é indicado para as crianças que estão iniciando a sentar mas precisam de suporte para brincar à mesa. É uma fase para exercitar a habilidade de suporte de membros superiores para organização do sentar e descobertas das possibilidades manuais no brincar integrado ao desenvolvimento global.


Recortando a caixa para fazer a mesa. Depois cola e mais cola. Papelão sobre papelão para ficar resistente.


Experimentando se ficou funcional. Fiz um encosto de papelão para encaixar



Revesti a caixa com tecido que tinha. A única coisa que comprei foi o EVA preto para a mesa ficar mais resistente e indicada para crianças com baixa visão.

Vale lembrar que esta é só uma das diversas posturas que as crianças precisam para crescer brincando. O legal é "ganhar" o mundo podendo se descobrir nos diversos planos, posturas, ritmos, modos de conhecer e aprender.
Bem, agora vamos ver quanto tempo dura o "cantinho" e se vai ser necessário fazer ajustes conforme o uso.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Dispraxia de Desenvolvimento – soluções no cotidiano.


Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

Continuo no intento de mostrar recursos que construo com a família e criança que precisam organizar o dia-a-dia. E se achamos soluções de baixo custo é melhor ainda.
Este recurso foi feito a partir da demanda da família em organizar com a criança o tempo e a sequência das tarefas diárias no sentido de promover uma maior autonomia. Na terapia ocupacional, além de estudarmos para compreender o porque que isso acontece, também procuramos recursos que melhorem o desempenho da criança e estimulem ao mesmo tempo novas aprendizagens. Com isso a família se organiza junto.
Hoje comento sobre a Pasta de Atividades Diárias feita com uma criança que apresenta comportamento de Dispraxia de Desenvolvimento*, e está em processo de terapia ocupacional na abordagem de Integração Sensorial. O caminho desde a escolha dos materiais, dos símbolos, confecção e uso propriamente dito foi, e está sendo rico e organizador. Arrisco em dizer que quase sempre o COMO se sobrepõe ao O QUÊ, pois aqui só dá para mostrar o produto. O processo está sendo “incorporado”.

Pasta de atividades diárias. O pai teve a idéia de fazer uma pintura magnética em uma das capas para fixar os símbolos escolhidos pela criança. Visualizar a sequência ajuda a criança a se apropriar de suas ações e quem sabe a criar novas formas de fazer. Pode ser usado também tiras de velcron para fixar os símbolos.

Representando as ações para situar suas preferências e possibilidades de agir nos diferentes ambientes

*Saiba mais:
De acordo com Ayres(1985), Dispraxia de Desenvolvimento é uma desordem de integração da informação sensorial e  planejamento, atribuída a alteração do processamento do sistema nervoso central e inadequada utilização da informação sensorial para o desenvolvimento do esquema corporal e o planejamento de ações.
Isto interfere na autonomia do sujeito, podendo ainda apresentar defasagem na linguagem, coordenação motora, desempenho escolar e social. Muitas vezes as crianças são chamadas de desajeitadas e preguiçosas por apresentar um repertório de ação diferente do comum.
*Fonte : “Understanding the nature of Sensory Integration with diverse populations”. Editors, Susanne Smith Roley, Erna Imperatore Blanche, Roseann C. Schaaf. Therapy Skill Builders.USA 2001

domingo, 15 de maio de 2011

Caminhos para expressão e comunicação - Parede para colorir e desenhar

Garimpando na internet descobri este blog. Ótimo para os arteiros de plantão!!!
Adorei porque dá também idéias de reciclar materiais, gastar pouco e decorar os ambientes, aliando estética e função. Tudo que sou fã!
Neste post coloco em evidência a parede pintada com tinta de lousa. Alternativa viável para fazer aquela parede no quarto da criança para ela soltar a imaginação para desenhar e escrever livremente. Além disso, determina o espaço para a criançada, e por que não, os adultos brincarem à vontade.
Pode ser feita em outros lugares da casa ou de tamanhos diferentes para ter o efeito de comunicação de recados, de composição de cenas que podem ser refeitas.
É legal procurarmos suportes diferentes para a criança ter modelos diferentes e formas espontâneas de construção de escrita e desenho.
Vale ter sempre em mãos: lousas brancas, paredes de azulejos que podem ser lavadas depois de pintadas, quadros imantados para fixar desenhos, figuras imantadas para compor cenas na lousa imantada, além dos marteriais de praxe como tinta, pincéis, papéis diversos, argila, massa de modelar.
A combinação destes recursos serve também para as crianças que precisam de recursos especiais para chegar a representação e comunicação. Com algumas crianças é necessário uma avaliação por especialista para eleição dos recursos e chegar a um caminho mais apropriado à elas.
Encontrar um meio de espressão faz parte da vida de todos nós!



http://casadecolorir.blogspot.com/2010/11/o-mundo-na-parede.html

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A arte pode ser feita por todos?

Ana Elizabeth Prado
Crefito3/1670 TO
Um tema que penso sempre no meu trabalho de terapeuta ocupacional é de quanto a  arte pode influenciar o modo como fazemos o nosso cotidiano, nas simples atitudes. Quantas vezes prestamos atenção em como podemos criar uma estética própria?  E de como os processos do homem, digo político, afetivo, biológico são interdependentes para formar uma história. Não é assim também que se produz cultura?
Por exemplo, quem recicla o lixo diariamente? O que faz com ele? Dá para reutilizar aquele objeto e dar uma nova função? Dá para fazer um retoque criativo e dar de presente para um amigo? E  virar um brinquedo? Aquela caixa que veio um presente não pode ser incrementada e servir para guardar "badulaques" ao invés de ter que comprar outra caixa? Além de dar uma função também pode ser uma oportunidade para exercitar a criatividade.

Nem vou comentar sobre os benefícios que traz ao planeta quanto a reutilização de materiais, que é sabido por todos. Por enquanto quero me referir aos benefícios do exercício de atitudes criativas e lúdicas, e por que não dizer políticas no nosso dia-a-dia. Vamos começar a olhar para materiais que iriam direto para o lixo e pensarmos se realmente não podem ser reutilizados.  

Brinquedo feito de embalagem de ovo de Páscoa com sementes


Brinquedo luminoso para criança com baixa visão. Reaproveitamento de vaso de planta pintado.
Marcel Duchamp, um grande artista visionário do século passado, questionou os limites da arte levando objetos do cotidiano à categoria de obras de arte. Os “ready-made” serviam para contestar a forma de produção artística instalada na época, mas eles só foram possíveis por meio do olhar multidimensional do criador. Sem ter o objetivo de reciclar o lixo Duchamp reciclou as mentes das pessoas que entenderam o significado de suas obras e que a partir daí a história da arte tomou outro rumo.

Marcel Duchamp by Man Ray
Por que não podemos criar uma rotina de parar por instantes para brincar de reinventar coisas? Assim criamos oportunidades de reinventar mentes...reinventar modos de vida.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sistema Tátil – lambuzar para organizar

O que sentimos e fazemos a partir da nossa pele?

Por Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

O tato, ao contrário do que às vezes pensamos, não está localizado só na mão, mas em toda extensão do território corporal, na pele e mucosas. A pele que faz a fronteira do corpo entre o meio externo  é a mesma que informa as diferentes qualidades das informações táteis: o toque superficial, profundo, dor, temperatura, influenciando no funcionamento dos demais sistemas. O tato protege e discrimina devido aos diferentes receptores sensoriais espalhados por todo o corpo organizando, processando e regulando tanto funções físicas como comportamentais. Dos receptores aos centros superiores, e destes organizando respostas para entrar em relação. O que sentimos nos ajuda a agir!   
Desde a vida intrauterina o sistema tátil, o sistema proprioceptivo e o vestibular são os principais responsáveis pelas informações sensoriais primárias do corpo. Do espaço líquido ao ambiente atmosférico  somos continuamente inundados de informações de dentro e fora do nosso corpo. As primeiras relações vinculares irão se constituir pelo tecido corporal e o funcionamento dos órgãos de relação. Mamar e amamentar, por exemplo, são relações de reciprocidade que vão alimentando e estruturando vidas, da mãe e do bebê.
O mesmo acontece com todas as habilidades natas e aprendidas:  é pela vivência que vai integrando uma funcionalidade dinâmica configurando um modo de comportamento.
Alguns estudos mostram que a privação ou a diminuição de experiências táteis aumentam a predisposição para alteração de habilidades de interação social, problemas de coordenação motora e regulação do nível de atenção que contribuem para dificuldades de aprendizagem, entre outras consequências.
Estamos vivendo numa época em que o sistema que regula o nosso jeito de estar no mundo pouco está em uso ou funciona de forma restrita.
O excesso de limpeza, o corre-corre do tempo nas grandes metrópoles, a “ciência das infecções” e muitos outros fatores fazem diminuir cada vez mais as oportunidades de as crianças poderem vivenciar naturalmente as explorações táteis necessárias para um saudável desenvolvimento, unindo o prazer e a descoberta como fontes para sustentar o seguimento da vida.
Nestes tempos de Páscoa, e muito chocolate, vale aproveitar a oportunidade de deixar um lembrete: que todos, se quiserem, se lambuzem muito! Da cabeça aos pés!
Vida Nova!

Fontes inspiradoras: as crianças e famílias com as quais eu trabalho (muito obrigada), e os livros:
"Sensory Integration and Self-Regulation in Infants and Toddlers: helping very young children interact whit their environment" Williamson, G.; Anzalone, M. E. Zero a three, 2001
"Tocar - O Significado Humano da Pele" Montagu, A. Summus, 1988

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Não, não, não!!! O que não se deve fazer diante de pessoas com Alzheimer


Nunca discuta com o cliente, concorde com ele;
Nunca tente argumentar com ele, distraia-o, mude o foco da sua atenção;
Nunca demonstre vergonha dele, mostre orgulho;
Nunca tente ensinar-lhe;
Nunca peça para lembrar de situações, lembre-o de coisas importantes e eventos;
Nunca diga “eu avisei “, repita quantas vezes for necessário;
Nunca diga “você não pode”, diga “faça o que puder”;
Nunca exija ou ordene, peça ou mostre;
Não desencoraje-o, incentive-o;
Nunca force.
Fonte:http://www.reabilitacaocognitiva.org/ que foi tirado do site Alzheimer Argentina

sábado, 19 de março de 2011

Brinquedos para crianças com baixa visão


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Já comentei em outras postagens a necessidade de escolher brinquedos para estimular o desejo de ver e brincar com crianças que tenham baixa visão. Este é um exemplo de brinquedo, para bebê e criança pequena, comprado em loja não especializada para esta proposta, mas que "garimpando" podemos encontrar alternativas adequadas. O importante é ter em mente que o brinquedo tenha:
-cores em alto padrão de contraste, quer dizer, cores com grandes diferenças para serem percebidas
-formas simples para ajudar em processar a informação visual
-contorno definido para a percepção da forma
-detalhes que servem como "pistas visuais" para caracterizar o brinquedo
-componentes associados, como boa qualidade sensorial tátil e auditiva
-possibilidade de manuseio e interação 
-com função regulatória, em potencial. No caso deste brinquedo pude vivenciar com uma criança quando ela entrava no estado de auto-organização ao abraçar o boneco
-e como com qualquer brinquedo, que ofereça segurança e prazer em brincar livremente

Este é um exemplo de bRinQuedoFeiTO

Podemos pegar os princípios de adequação visual para confeccionar brinquedos para crianças com baixa visão e usar o que tiver no nosso dia-a-dia. Aproveitamos para reutilizar materiais que seriam descartados no lixo ou usá-los de forma diferente. Fiz este chocalho para um bebê que também apresentava disfunção neuromotora e precisava de ajuda para poder segurar os brinquedos. Usei um potinho comum de produto lácteo disponível no mercado, forrei com tecido em cor de alto contraste e coloquei uma espécie de alça elástica (tirada de uma roupa) para a criança segurar o chocalho e brincar por conta própria. Esta alça pode ser substituída por um elástico largo, tendo cuidado para não apertar a mão do bebê. O principal disto tudo é acharmos soluções para as crianças fazerem suas próprias experimentações!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Propriocepção – sentidos e significados



Por Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

Como terapeuta ocupacional e atuando na área de Integração Sensorial a propriocepção é algo naturalmente incluso na minha prática. E, de fato, penso que é no nosso corpo. Na nossa vida.
Como seria formatado nosso comportamento sem este sentido? De onde vem quando sinto o meu corpo, aquela sensação que só eu tenho, própria, única, mas continuamente mutável? Uma fotografia interna que só eu tiro. E aquela que eu tiro a partir do que o outro me fornece elementos para eu montá-la? São instantâneos que colaboram entre si com elementos internos, do próprio corpo, e com elementos externos do ambiente que irão constituir a percepção da unidade corporal.
Em analogia à esta construção, imaginem se estivéssemos montando uma peça, de teatro ou musical. Existe uma intenção primária de criação. A partir daí vão se constituindo os elementos necessários para se chegar ao propósito inicial. É preciso regular a habilidade do criador com os elementos da partitura, a partitura com os instrumentos, os instrumentos na orquestra. A parte com o todo, as partes entre si, o todo dentro com o todo fora. 
Tempo, forma, intensidade e direção são as qualidades desta regulação. Como seria a peça sem direção? Como seria no nosso corpo ou, de que elementos precisamos para saber: do quanto precisamos colocar de intensidade para nos movimentar ou falar? Como iremos dosar, regular e afinar a nossa própria percepção?
A fineza da construção da nossa partitura corporal está nos ajustes que serão feitos destes elementos, da regulação da produção, que se faz da interação do corpo em si e dos corpos inseridos neste grande corpo, a biosfera.
Espero que já tenha dado para pensar e brincar sobre a importância do sentido proprioceptivo. Ele é que nos dá a possibilidade de regular nossos movimentos, dar qualidade às nossas sensações e percepções corporais. Igualmente aos demais sentidos, como o da visão, audição, entre outros, este começa de algum lugar: são os receptores da propriocepção que estão nas articulações, nos tendões e fusos musculares. Estes receptores são a porta de entrada para este sistema sensorial que é tão importante para a qualidade de presença e sentido de identidade corporal.  Gosto de lembrar isso, pois vejo o real e imaginário como instâncias da vida do ser humano. Podemos transcender a várias coisas, mas elas têm início em algo muito palpável, muito real, o nosso corpo. Existe um campo que sustenta tudo isso. E não compactuo com práticas que tentam excluir o corpo para uma melhor “consciência” do homem.
Em outras palavras: a quem este corpo pertence? Ou melhor, quem é este corpo? Quais histórias que vêm sendo construídas desde sempre?
Continuando a nossa viagem...como os demais sentidos, a propriocepção funciona em sistema integrado aos demais sistemas, nada isolado. Ele dá informação aos sistemas vestibular e tátil, que se unem aos demais sistemas, e que colaboram entre si revelando informações do corpo, no sentido múltiplo: em que espaço estamos e como ocupamos, numa linha histórica de tempo e vivências recheadas de significados. Estamos falando de corpo, tônus muscular, ajuste postural, equilíbrio, sentido profundo, a superfície que nos dá contorno, percepção, emoção, vínculo, identidade, relação, comportamento, conexão. Essa linguagem é comum no ambiente da terapia ocupacional, e especificamente, de conhecimento da teoria e prática de Integração Sensorial, onde estou há alguns anos.
Na minha prática clínica e nas vivências com educadores valorizo a propriocepção como um condutor vital. Ao mesmo tempo em que nos permite entrar em espaços delicados do corpo,
 é também um guia para se chegar a um trabalho integrativo e de potência.
Para o educador, ou terapeuta entender como se processa a informação sensorial é necessário, a meu ver, que ele passe por vivências que colocam em evidência essa dinâmica.
Nas sessões com as crianças, aprendi na prática o que li na teoria, do quanto precisam de brincadeiras que ajudem a dar referência do corpo para a organização nas suas ocupações diárias: e mais ainda em crianças com déficit de atenção, imaturidade nos ajustes posturais e habilidades motoras, defasagem na escrita, alteração na expressão oral e escrita, entre outras.
Sabemos que corpo é e produz identidade. Mas o caminho para se constituir tem algumas flores e pedras. Mas com rios que fluem como mapas que podemos aprender a navegar.

Há muitas pessoas que se beneficiam de práticas terapêuticas que valorizam o uso de toques corporais e de materiais que vivificam a propriocepção. A Integração Sensorial é uma destas práticas com bom retorno na área da saúde e educação.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Estimulação Visual e Brincar - A delicadeza entre querer e poder brincar - cuidados especiais nas brincadeiras de crianças com diminuição da visão em consequência a algum dano cerebral - parte II

Por Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

De modo geral o que precisamos priorizar em um programa de intervenção :
-dar preferência por brinquedos com padrão de alto contraste e de cores vibrantes. Evidenciar o contorno dos objetos e imagens e enfatizar os detalhes para a construção da imagem mental. Tudo isso para potencializar a integração da informação visual durante as atividades cotidianas como brincar, hora do banho, hora de comer, pois além dos brinquedos, os utensílios de alimentação, higiene e vestuário devem ser cuidadosamente adaptados do ponto de vista visual.
Integrar a função visual em todas as atividades cotidianas incentiva a formação de novas redes neurais para a aprendizagem funcional e significativa

Muitos brinquedos podem ser confeccionados com materiais recicláveis. Com um pouco de imaginação, conhecimento e criatividade podemos fazer brinquedos interessantes de se ver.
-adequar iluminação do ambiente e objetos. Muitas vezes para manter a atenção a criança precisa brincar com iluminação reduzida ou um foco luminoso dirigido ao brinquedo, como por exemplo, iluminar o rosto da mãe para fazer brincadeiras face a face.
-manuseio* – esse é um termo comum para quem lida com pessoas com alteração da postura e movimento. O terapeuta especializado tem o domínio do manuseio e posturas, e fará vivências com a família dando dicas práticas para as atividades cotidianas. Além disso, quando tocamos alguém estamos interferindo de algum modo na sua ação e percepção. São trocas contínuas de temperatura, pressão, memória, humor, afetos. Por isso o nosso cuidado deve ser redobrado em crianças com baixa visão e disfunção neuromotora. É um diálogo, no mínimo, corporal. É importante para criança saber que vai ser tocada, o terapeuta perceber a permissão da criança, além de avaliar se existe algum distúrbio de modulação sensorial para a terapia não se transformar em momentos de tensão.
Dar oportunidades para descobertas diárias priorizando vivências com o tempo necessário. A exploração para aprender vem com a repetição natural e espontânea no brincar com significado.  “Treinos para estimulação visual” sem significado não são importantes. Por isso que o terapeuta e a família precisam descobrir junto com a criança situações contextuais para ela aprender a usar a visão residual brincando.
No brincar da criança com baixa visão de origem central o que mais chama atenção é o cuidado que devemos ter do momento mágico entre o querer e o poder. Precisamos refinar a nossa percepção para encontrar o momento e o jeito mais propício de favorecer um caminho de aprendizagem em constante descoberta e prazer. A intervenção do terapeuta ocupacional é buscar dar sentido as ocupações da criança e que estas sejam sustentáveis no sentir, movimentar, interagir, descobrir, repetir e aprender.
Que os ambientes, os objetos, as pessoas, e o próprio corpo sejam convidativos para ver e interagir.

Estimulação Visual e Brincar - A delicadeza entre querer e poder brincar - cuidados especiais nas brincadeiras de crianças com diminuição da visão em consequência a algum dano cerebral - parte I


Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

O interesse do brincar de crianças com baixa visão passa inicialmente pela busca semelhante de qualquer criança. De maneira geral o que diferencia é o tempo necessário para as aquisições e os cuidados especiais para o amadurecimento da função visual no sentido de criar um ambiente onde inclua uma organização do cotidiano para favorecer a integração visual aos demais sistemas orgânicos bem como adaptação do ambiente, brinquedos e utensílios das atividades cotidianas e pedagógicas.
Existem diversos textos que abordam sobre as alterações da função visual em crianças com baixa visão relacionando às importantes fases do desenvolvimento infantil. Porém ainda há poucos no sentido prático a respeito de disfunção visual cortical, ou também chamado prejuízo visual cerebral, e a relação dos cuidados para favorecer situações lúdicas.
Em linhas gerais, uma diminuição visual decorrente de algum dano neurológico envolve comportamentos característicos que são investigados na avaliação e que irão nortear um programa específico para uma melhor adequação do desenvolvimento cognitivo das crianças que apresentam baixa visão por terem passado por algum acidente neurológico ou algum dano na formação embriogenética das vias cerebrais responsáveis pela visão. Na pura definição, na disfunção visual cortical o exame ocular se apresenta normal, mas  podendo em algumas crianças virem associados, prejuízos na parte periférica e central do sistema visual, a depender do diagnóstico.
 Por enquanto vou citar os pontos principais para compor a avaliação e programa para intervenção na aplicação em brincadeiras de crianças com esse tipo de disfunção.

E quando fica difícil brincar para a criança com baixa visão?


Em primeiro lugar precisamos perceber seus interesses  e entender porque está difícil a criança com baixa visão brincar ou interagir. Para compor um programa de intervenção é necessário fazer previamente uma avaliação funcional da visão por um terapeuta especializado nesta área. O avaliador precisa conhecer os componentes específicos da função visual no desenvolvimento infantil para planejar as atividades de acordo com o perfil da criança e nível cognitivo.
O que é necessário observar?
-observar as habilidades e inabilidades visuais específicas da criança. As funções visuais serão avaliadas integradas ao desenvolvimento global da criança com o objetivo de adequar  COMO a criança pode brincar de acordo com a sua faixa etária e  interesse, no sentido de colocar em prática formas de ela aproveitar os momentos das brincadeiras.
-apropriação do brinquedo- a cor ou o tamanho inadequado dos brinquedos pode interferir no desejo de pegar um brinquedo e de fazer as descobertas próprias da infância.
-tempo de atenção e concentração - é comum vermos crianças que precisam da ajuda do adulto para iniciar, dar continuidade e/ou finalizar a brincadeira. As brincadeiras simples que se repetem e viram aprendizagem podem ficar comprometidas devido à dificuldade de se manter a atenção e sustentar o desejo pelo brincar espontaneamente, bem como organizar os passos para isto, sinais que podem ocorrer em pessoas que tem alguma lesão cerebral. 
-observar se há aumento ou diminuição de tônus muscular, pois isto pode ser um elemento que dificulta a exploração e expressão da criança e, inclusive, a manifestação de interesse e suas primeiras descobertas do que quer e do que pode, nas coisas mais simples, como tocar o rosto da mãe, tocar o próprio corpo. Por isso também é importante o trabalho de manuseio* para organização postural e regulação de tônus.
-tempo de brincar – observar o tempo de perceber e o tempo de dar respostas. Uma vivência muito rápida das experimentações do mundo pode não virar conhecimento. Se não houver tempo para criança experimentar e repetir espontaneamente uma brincadeira será mais difícil de ser incorporada, no sentido literal da palavra. O tempo de receber, processar a informação e responder à demanda do próprio corpo e do meio é diferente para algumas crianças com baixa visão de origem central.
- ambiente e comportamento- quando um ambiente não é favorável para o desenvolvimento infantil, será mais ainda para uma criança que, no mínimo, tem uma alteração motora e/ou sensorial. No entanto o ser vivo tem uma capacidade enorme de se adaptar constantemente ao meio ambiente e construir diversas formas de viver e se relacionar, desde que tenha oportunidades. Para isso é necessário na avaliação, a terapeuta ocupacional reconhecer quais os dispositivos do ambiente que dificultam ou facilitam o engajamento da criança em todas as brincadeiras.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reflexões da prática com famílias em processo de reabilitação



Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

A prática da terapia ocupacional direciona no sentido de construir um cotidiano com maior sustentabilidade e significado às ocupações otimizando as oportunidades, incluindo os momentos delicados e difíceis que existem no processo de reabilitação. Destes momentos vêm as aprendizagens, o “como fazer”, “como perceber”. "Como segurar meu bebê? Como é melhor para eu ser segurado? Como brincar com ele/ como eu gosto de brincar?"
Essas descobertas são brotos de aprendizagem que irão nortear as relações que serão construídas em qualquer par ou grupo de pessoas. É o começo de uma história que será narrada pelos sentidos, movimentos e emoções. Uma via de muitas mãos, contemplando todos os envolvidos, criança, família e terapeutas.
Nas famílias com crianças que necessitam de cuidados especiais não é diferente. Na maioria destas situações o processo pode ser mais difícil, longo ou com maior gasto de energia. Talvez o passo mais difícil seja poder continuar a vida com todas as incertezas.
Vivemos em uma época que ciência e tecnologia estão mais presentes guiando o nosso comportamento. Uma época que aprendemos muito sobre “o que”, vindo pelas terminologias de diagnósticos, pelas estatísticas comprovando a eficácia de inúmeras metodologias, pelos exames e equipamentos de última geração. Que sejam bem vindos! Mas acredito também que continua valendo o aprender “como” o cotidiano de cada pessoa será a partir daquele instante em que se entra em contato com um diagnóstico, ou como colocar em prática uma nova metodologia, tendo o cuidado em perceber o tempo de cada um para refazer a sua vida, continuamente.
Cada vez mais precisamos elaborar programas para as famílias incorporarem as sugestões terapêuticas de forma prática e brincar espontaneamente com seus filhos, como todas as crianças merecem e precisam. O que torna difícil talvez seja a singularidade do processo de cada um e os diversos contextos familiares e terapêuticos. Há famílias que querem continuar as terapias em casa. Outras que não têm tempo, mas se cobram, ou aquelas que valorizam o brincar espontâneo sem estratégias terapêuticas. Da mesma forma há terapeutas com práticas diferentes. Há as que cobram que as mães continuem a terapia em casa e há aquelas que incentivam o brincar como consequência de toda vivência e aprendizado. É necessário contemplar todas as histórias e expectativas para se chegar a um lugar comum. No mundo da reabilitação quando procuramos um lugar do fazer com sentido e significado o universo da terapia e do cotidiano ficam mais integrados. Com isso todos aprendem juntos.
Na prática com crianças que apresentam disfunção neuromotora é possível perceber o modo como interagem, o quanto necessitam de manuseio adequado para normalizar o tônus, dos materiais especiais e as inúmeras sugestões terapêuticas. Mas isso não servirá para nada se não houver o cuidado para olhar primeiramente para seus desejos, atitude e interesse. Facilmente podemos cair na armadilha da especialização. Que a técnica não fique em primeiro plano, mas que esta fique a serviço da vontade e da necessidade da criança e sua família.
O toque, o olhar, a facilitação de mudanças posturais, os brinquedos adaptados só fazem história se estiverem vinculados ao campo subjetivo e contextual da vida destas pessoas envolvidas no processo chamado de reabilitação.
Se a terapeuta conseguir dar conta do recado e a família se apropriar dos cuidados o brincar será integrado de forma mais natural. Tenho aprendido muito com as famílias. É cada solução maravilhosa que aparece! Fico feliz quando vejo uma mãe ou um pai criar um brinquedo adaptado que eu nunca tinha pensado. É sinal que virou aprendizagem e não ficou só no âmbito da “orientação”. Assim a família ganha autonomia e segurança para novas escolhas.



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Quando a terapia de Integração Sensorial pode ajudar:


Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

.bebês prematuros com sinais de defasagem na interação e no desenvolvimento global
.crianças com alterações neurossensoriais e desordens de coordenação.

.crianças com dificuldades nas atividades escolares
.pessoas com dificuldades no planejamento e execução das atividades cotidianas

.nas situações quando houver os diagnósticos de: TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral e outras disfunções neuromotoras.

Comportamentos que indicam a necessidade de uma avaliação de Integração Sensorial:

.atraso no brincar
.atraso na fala
.dificuldade em manter atenção numa brincadeira, alteração de comportamento em sala de aula, sinais de hiperatividade
.necessidade de um tempo maior para entender ordens verbais e executá-las
.atraso na aquisição de leitura e escrita
.dificuldade na coordenação motora fina
.procura exagerada por estímulos sensoriais ou, pelo contrário, os evita
.quedas frequentes, esbarra nos objetos ao redor, derruba coisas sem querer
.dificuldade em organizar-se nas atividades de auto-cuidados
.dificuldades para iniciar, dar sequência e/ou finalizar brincadeiras próprias para idade
.cansa-se facilmente. Lentidão na execução das tarefas
.comportamento de insegurança e ansiedade
.oscilação de humor de modo que chame atenção







quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mas...o que é Integração Sensorial?


Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

Estamos nesta vida sempre em contato com estímulos sensoriais que nos dão informações a todo o momento do que acontece dentro e fora do nosso corpo, tudo ao mesmo tempo. Prosseguimos a vida recebendo e produzindo experiências continuamente, no tempo e no espaço, a partir da interação com o ambiente que vivemos e das relações que construímos.
No nosso corpo as informações entram pelos órgãos sensoriais que enviam as mensagens ao sistema nervoso central. As informações são processadas como se estivessem numa rede formada das diversas mensagens de todos os sistemas orgânicos formando uma rede de mapas de conexão, realimentando e constituindo um modo de funcionamento.
Determinadas estruturas do sistema nervoso desempenham o papel de receber, modular, regular, associar, interpretar, colocar algumas informações em prioridades, e elaborar respostas para continuarmos como seres vivos se adaptando às diferentes mudanças do ambiente em que vivemos. Este caminho complexo se dá pela Integração Sensorial.
A terapia de Integração Sensorial foi desenvolvida na década de 70, nos Estados Unidos, pela terapeuta ocupacional Dra Jean Ayres, inicialmente pelo estudo de crianças com dificuldades de aprendizagem sem causa aparente que apresentavam em comum déficit de atenção e desordens de coordenação.
A partir do avanço das pesquisas a metodologia foi amplamente difundida em outros países e a aplicação foi comprovadamente eficaz auxiliando no desempenho ocupacional de pessoas com diversos diagnósticos.
Segundo Jean Ayres: “Integração Sensorial é o processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do corpo no ambiente.”

Integração Sensorial - a natureza a nosso favor




Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

É uma habilidade orgânica integrar as informações sensoriais do corpo e do ambiente para o nosso bem viver. Acontece na vida naturalmente influenciando as ações cotidianas como movimentar, olhar, escutar, sentir, coordenar ações, escrever, ficar alerta, comunicar, entre outras. Alterações na recepção e processamento das informações sensoriais muitas vezes levam a alterações no comportamento, interação e aprendizagem que, inicialmente, podem ser identificadas por atraso no desenvolvimento neuropsicomotor ou ainda nas atividades escolares pela dificuldade em prestar atenção, organizar-se no tempo e no espaço bem como na aquisição da leitura e escrita.

Na terapia de Integração Sensorial a criança aprende a reorganizar o modo de processar as informações sensoriais por meio de brincadeiras com balanços, bolas, túneis, materiais sensoriais, jogos, fantoches, materiais artísticos levando a um melhor conhecimento de si e uso apropriado do corpo integrado às atividades cotidianas.
Escolhendo, planejando, refazendo, conhecendo, criando, brincando!!!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mostra de Artes

Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO

Inicio a postagem mostrando o filme da Mostra de Artes em dez/2010, no consultório. É uma parte do processo que foi vivido pelas crianças e as famílias no uso de práticas artísticas inseridas no contexto clínico com ênfase na Integração Sensorial.
Atualmente a terapia de Integração Sensorial vem se expandindo muito e sendo valorizada devidamente no campo da saúde e educação. Na prática verifico a importância do uso de atividades artísticas para mobilizar os processos de formação da vida e ajudar a "in-corporar" as habilidades, conhecimentos e criação.
O caminho da terapia se faz mediante o interesse da criança contando também com o que está difícil no presente e o que nós, terapeutas, temos para disponibilizar...assim vamos montando o caleidoscópio...o momento que se faz o atendimento clínico para ir além dele...numa pintura que pode ser mostrada...numa série de esculturas...o espontâneo nos dá a dica se estamos na rota formativa.