segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Memória e afeto


No grupo de estudo de Eutonia e Memória assisti a um filme ( curta) que me deixou impactada pela competência da equipe em passar de forma tão lírica um assunto complexo que está no nosso dia-a-dia: a relação com pessoas em fase de envelhecimento com perda de memória.
São muitas reflexões que cabem neste filme.  Só algumas...

Como valorizar o contato afetivo e potencializador por meio das memórias?
Como poder entrar em relação com o outro de acordo com as possibilidades que se fazem presente no instante e não sempre sob os nossos filtros pré-concebidos?
Quem podemos ser ou como podemos viver acessando as memórias?
É possível fazer novas conexões? ou...

O que cerca pode servir para ligar?

A vida segue a qualquer tempo.
E como podemos vivê-la?
Escolha?
Destino?
Oportunidades?

O velho e o novo não seriam expressões de uma mesma unidade?


DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA
Foto por Alex Sernambi: Pedro Tergolina e Lissy Brock
Antônio, um menino de 8 anos, descobre que sua vizinha Cristina, de 80, conta histórias sempre diferentes sobre a sua vida, os nomes de seus parentes e os santos do dia. E Dona Cristina acredita que Antônio pode ajudá-la a recuperar a memória perdida.
Direção: Ana Luiza Azevedo
Produção Executiva: Nora Goulart e Luciana Tomasi
Roteiro: Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado e Rosângela Cortinhas
Direção de Fotografia: Alex Sernambi
Direção de Arte: Fiapo Barth
Música: Gustavo Finkler
Montagem: Giba Assis Brasil
Uma Produção da Casa de Cinema PoA
Elenco Principal:
Lissy Brock (Dona Cristina)
Pedro Tergolina (Antônio)
Link do youtube

domingo, 22 de fevereiro de 2015

" Um mar de peixes-letras". Brincar a partir do centro de interesse - dica para crianças com TEA

Aliar o querido ao necessário
Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Em algumas crianças com Transtornos do Espectro Autista é comum, dentre outras características, a persistência numa determinada brincadeira e/ou apresentar resistências de tocar ou ser tocado. 
A atividade de hoje contempla esses dois fatos. 
Usamos polvilho e letras. Sim, polvilho. E por que não farinha? Pode também, porém neste dia ofereci polvilho, pois ao adicionar pouca água ao polvilho temos outra textura e resistência. Vale a pena conferir antes para saber se está no nível de possibilidade da criança.
É sempre bom lembrar que a própria natureza física (sensação da textura, forma, cheiro, cor, temperatura, volume, plasticidade e resistência) dos materiais provoca situações diferentes em nosso corpo como a forma de pegar, a intensidade, força, duração e os ajustes que forem necessários.

Aproveito a oportunidade para lembrar aos terapeutas que: de preferência, façam em vocês primeiro o que for propor aos clientes. De quebra vocês aprendem sobre si e quanto a atividade que irão propor. Reflitam sobre os efeitos, as modificações, os ajustes. Aproximem-se do que estão propondo. Cuidado com as receitas pré-formatadas. 
O que dá certo para uma pessoa pode não dá para outra.

Onde está o peixe H, igual ao escrito no dorso da mão?

Sobre esta atividade: acham que é fácil? Depende, para quem. E o que podemos inventar.
F. gosta muito de brincar com letras e neste dia me pediu incessantemente. Como estamos em um programa de Terapia ocupacional sendo enriquecido pelo modelo de Integração Sensorial, F. vem evoluindo muito na hipersensibilidade tátil e atualmente consegue brincar com materiais diferentes. Por isso sugeri o polvilho integrando ao que F. adora e favorecendo pequenos desafios implícitos na atividade: de natureza física, a combinação do polvilho e água estimulando a riqueza de sensações e destreza motora manual; e de natureza cognitiva, incentivar uma simbolização  pela história considerando seu centro de interesse, sem falar a natureza de ordem emocional que sempre está presente.
"Demoramos para achar o H, pois ele estava mergulhado no fundo do mar. Foi preciso enfiar o indicador com jeitinho para conseguir".
Tantas coisas que fizemos desde a preparação até a arrumação que daria um capítulo descrever aqui.

O que refleti e sempre aprendo:
Começar pelo que F. escolheu o acalmou e possibilitou aos poucos ir complexificando a brincadeira.

O que confirmei do que acredito:
Sempre podemos dar nem que seja um mínimo passo seguindo o desenvolvimento.

O que nunca esqueço:
Só propor algo diferente se a criança estiver no tempo de maturidade e no ambiente favorável.