quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Guirlanda de Natal - atividade de coordenação motora fina


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Segue a dica para meninada desenvolver habilidades no espírito de Natal!

Material:
- pratinho de festa descartável ( preferi colocar 3 pratinhos juntos para durabilidade e prender a linha para pendurar)
- minipregadores com motivo de Papai Noel 
- cola
- outros enfeites escolhidos pela criança. 
Nesta mandala a criança escolheu colar um laço e escrever um cartão para Papai Noel.


Objetivo: 
-desenvolver as habilidades de coordenação motora fina, ação de sequenciamento e integração bilateral, senso estético e composição de um tema no contexto social. E criar!



n

É muito bom este momento: o prazer de ver a obra finalizada!


Terapeutas de plantão: sempre deve haver oportunidade para criança escolher e estar envolvido na atividade. Mesmo que tenha algo sugerido previamente há espaço para valorizar a subjetividade!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cuidando de bebês - breve comentário do trabalho de terapia ocupacional


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Aproveito a oportunidade para mostrar um vídeo que recebi pelo facebook cujo os créditos estão na própria edição. É de uma beleza curativa!
O tempo se fazendo presente no toque suave sem pressa e com cuidado.
Vale a pena ver...e tentar perceber no cotidiano onde e quando podemos lentificar as nossas ações e se colocar mais inteiro...em contato consigo e com o outro.

O primeiro banho do bebê

Mas sei que nem sempre é assim. Muitas crianças, e mães, vivenciam eventos inesperados na gestação ou nos primeiros dias de vida do bebê que irão interferir na relação vincular. Algumas vezes a criança precisa ficar muitos dias na UTI por ex, quando há uma prematuridade extrema, outras até a criança sofre algum dano cerebral e há uma série de cuidados que se deve tomar para que o desenvolvimento do bebê ocorra da melhor forma possível.
O momento tão esperado do nascimento torna-se um grande desafio para absorver tantas informações em como cuidar de seu filho que precisa de cuidados especiais.
O importante é saber que quando as condições orgânicas não são favoráveis podem prejudicar o estabelecimento do vínculo da mãe e bebê nos primeiros meses de vida bem como o desenvolvimento neuropsicomotor global.
Atualmente existe o trabalho de diversos profissionais da área de saúde para acolher as necessidades destas famílias.
O terapeuta ocupacional irá trabalhar na relação da mãe e bebê , vivenciando modos de manuseio ajustados a necessidade do bebê, usando junto com a mãe  recursos para regulação do tônus e integração sensorial, contribuindo na humanização do ambiente em que o bebê irá conviver, e a relação com os demais membros da família.


Além disso, há áreas específicas onde o terapeuta ocupacional pode atuar quando há alguma defasagem evidente no desenvolvimento como o brincar, função visual, atividades da vida diária, entre outros.
Quando falo em mãe e bebê não excluo o pai desta história que está cada vez mais presente nos tempos atuais fazendo parte desta tríade. Mas é comum as mães atribuirem a própria "culpa" em não conseguir lidar com a sua criança. Desde o primeiro contato tento lembrar a mãe que aconteceu algo que independe da sua vontade, ou seja, um evento que ocasionou uma alteração orgânica, e que podemos juntas lidar com estas questões e encontrar formas de reconstruir os momentos felizes e duradouros tão necessários para o bem viver.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Terapia de Integração Sensorial com crianças do espectro autista

Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO
Felizmente hoje existe um maior número de tratamentos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um deles é a Integração Sensorial. 
Um passo importante foi passar a ver este diagnóstico como uma manifestação orgânica com múltiplas interações causais, entre elas, os fatores ambientais. Provavelmente amenizou a responsabilidade, que foi durante muitos anos, depositada meramente aos pais, ligando o autismo somente à falha na relação mãe e filho.
A ciência cumpriu o seu papel em ajudar a se viver melhor. As mães ficaram mais abertas e informadas para buscar os recursos terapêuticos para seus filhos.

Autismo e processamento sensorial
Nas recentes descobertas cada vez mais está se comprovando que existe um número bem maior do que se pensava de pessoas do espectro autista que apresentam um certo tipo de comportamento devido a falhas no processamento sensorial. E que isto começa desde a mais tenra idade ficando mais perceptível na fase de socialização da criança.
Uma criança que aos 2 anos de idade não se comunica tem grandes chances de ter apresentado alterações desde bebê no ciclo dormir/acordar, durante a alimentação, banho, trocar de roupa ou no modo de brincar, se movimentar e interagir. Não necessariamente em todos estes itens, mas em alguns que estão relacionados ao modo de regular os estímulos sensoriais do seu próprio corpo e do ambiente.
Isto se deve a uma diferença de organização neurológica que ocorre em muitas pessoas com TEA, no modo de receber, modular, processar, integrar as sensações e responder em forma de comportamento adaptativo.
Adaptar-se é o desafio do ser vivo.
Para o homem que segue a vida tendo que dar conta da linguagem e emoção fica ainda mais difícil quando existe alguma dificuldade nos elementos fundantes de sua personalidade.
O modo de perceber a si mesmo e ao mundo está relacionado como o nosso cérebro organiza as experiências, que são no mínimo sensoriais, e as transforma em vivências significativas trabalhando sistemicamente para a regulação entre as naturezas, do homem com o ambiente que vive, e viver coletivamente com outros homens com sua capacidade de auto-regular-se.

Muitas crianças com TEA sofrem na interação pois o sistema de auto regulação, de origem neurológica que só existe mediante a um bom processamento sensorial, está funcionando em defasagem e por isso que é difícil por ex, aceitar o toque do outro, a espera, ruídos e mudanças no ambiente, aceitar certos tipos de roupas e alimentos, brincar com outras crianças, aguentar o olhar do outro,  perceber seu corpo no espaço, regular as emoções, entre outros.

O começo 
Muitas crianças  chegam no "alerta vermelho" de não ter prazer em brincar, em ficar nos ambientes sociais, com alto nível de stress, ou por outro lado, se mostram apáticas sem saber iniciar uma brincadeira.
A terapia de integração sensorial busca entender o que causa a dificuldade de desempenho em cada criança por meio de uma atitude de como poder ajudá-la a "fazer as pazes" consigo e com o que o cerca.
O programa
A partir de uma avaliação específica vamos construindo junto com a criança e com o que a família nos traz, recursos sensoriais que funcionam como uma nutrição adequada criando boas oportunidades para se chegar a auto regulação possível, dentro do contexto de cada um.
Veja também Brincando com recursos sensoriais

O que caracteriza uma terapia de integração sensorial - linhas gerais
- um ambiente rico de estímulos onde a criança possa fazer escolhas e experimentações: equipamentos e materiais que promovam a pesquisa da criança com elementos que incentivem o bom uso dos 7 sistemas sensoriais de forma integrada nas brincadeiras.


- terapeuta numa atitude de mediador do processo dando apoio nas escolhas e incentivando as explorações, inclusive como responsável em modular as vivências para se chegar a regulação funcional
- família presente na terapia contribuindo e fazendo parte deste processo


- o principal: em terapias com crianças o processo acontece pelo brincar e o prazer que decorre disso pode virar aprendizagem.

Boas vivências nos levam a querer crescer, aprender, comunicar e continuar vivendo com os outros.

Veja também Autismo e terapia ocupacional 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Brincando na terapia de Integração Sensorial


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Algumas crianças ( e adultos) apresentam imaturidade no domínio corporal e nas relações com o meio devido a alguma alteração no processamento sensorial. Isso pode provocar diferenças no desempenho escolar e social.
Com pouca apropriação de corpo fica mais difícil manter atenção na aula, coordenar os movimentos nas ações cotidianas, ter uma comunicação fluida, entre outras. Inclusive pode até refletir na segurança emocional.
Na terapia de Integração Sensorial buscamos recursos que alimentem os sentidos para um melhor conhecimento corporal e construção de repertório próprio de cada um. Tudo pela diversão!!!

Esta brincadeira foi batizada por uma criança como Saco de Diversão.

Existe um recurso já conhecido na Integração Sensorial que nada mais é do que uma grande almofada retangular onde é colocado dentro espumas de diferentes tamanhos e espessuras para a criança transpor engatinhando ou andando dependendo da idade e objetivo. Desta vez eu fiz diferente:
coloquei vários objetos macios e, como elas chamam: "coisas fofas", sem a criança saber quais eram. Fui pegando no consultório almofadas de diferente tamanhos e formas, bichos de pelúcia, bolas de texturas variadas, rolos, e tecidos.
1- primeiro a criança é convidada a experimentar do jeito que quiser. Claro que TODAS se jogam na grande almofada, remexem, viram, pulam, carregam e até...


 ...pode ser feito um sanduiche de gente. Com direito a apertos e carinhos, se assim for pedido.

2-Em seguida é proposta uma brincadeira de reconhecer pelo tato cada objeto. Parte mais difícil, pois precisa de um tatear paciente e que resgate a memória, atenção, percepção de detalhes, representação, evocação de nomes. O tamanho e forma dos objetos variam de acordo com a idade e defasagem da criança. Não vale colocar muito difícil.

E aguentar a vontade de querer saber se acertou?
Pois é, mais uma coisa para aprender, a espera, uma parte essencial do tempo.
Um complemento desta fase da brincadeira é, a depender do programa, a cada objeto reconhecido a criança escreve a "Lista dos Objetos Fofos", para incentivar a escrita.
Outra variação é pedir um objeto e tentar encontrar no meio dos outros. Tem alguma girafa?

 3- Ao terminar, é claro, o grande momento de ver aquilo que estava só no tato e na mente.


 4-E como se não bastasse algumas crianças gostam de entrar no saco. Para quem suporta, e muitas vezes precisa, é a parte mais gostosa.  E digo, um dos motivos é por sentir o limite do corpo. A propriocepção junto com o tato fornecem referências valiosas sobre o corpo e ao mesmo tempo são elementos fundantes da identidade. Ajudam a auto regulação sensorial e emocional.
Ver também Propriocepção-sentidos e significados
 É legal ao entrar no saco deixar a criança experimentar nas diversas posições e muitas gostam de arrastar, engatinhar e andar pela sala, dentro do saco, com ou sem os objetos.

Um menino me falou que esta era sua aventura preferida. Lá ele pode fazer muitas coisas.

Fica a dica: materiais como malha elástica que podem esticar e fornecer pressão de leve a moderada na pele são bons recursos para brincadeiras para nutrir os sistemas sensoriais. Podem ser abertas ou mesmo só um tecido sem costura já é um bom alimento.

ATENÇÃO: essa é uma sugestão de brincadeira. Sempre consulte o terapeuta da criança para validar o uso. Todos os cuidados devem ser mantidos como:
NUNCA deixar a criança brincar com este recurso sem a presença do adulto.
NUNCA colocar a criança se ela não quiser. Devemos respeitar as preferências sensoriais de cada um. Esta brincadeira foi criada para a dieta sensorial de pessoas com um perfil sensorial que precisa destes alimentos.
Obs: esta malha tem um zíper grande e SEMPRE deve ficar aberto para entrar ar.  Tenho outra que tem uma grande abertura de velcron.
É recomendado ficar por pouco tempo para não provocar asfixia.
Inclusive algumas crianças gostam de ficar só com a cabeça para fora e o resto do corpo envolvido. Sempre vale o bom senso.

Preservado todos os ítens de segurança...boa diversão!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dica da terapia ocupacional - simplesmente pintar

Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Neste tempo atual de tantas ofertas de brinquedos e tecnologia, muitas vezes as crianças e pais são chamados a escolher por uma diversidade tão grande... e as brincadeiras mais simples podem escapar da valorização do adulto. 
Uma delas é a pintura

No início um papel em branco...e se fez o impulso  de criar
Nesta era tecnológica é comum encontrar crianças que nunca experimentaram pintar demoradamente sem uma formalização por parte do adulto. Pintar livremente, em diferentes suportes como papéis, papelão, reciclando materiais para virar brinquedos e, inclusive pintando o próprio corpo.
Pintar, entre outros aspectos, é uma atividade que integra corpo e imaginação, movimento e sensação, sentimento e pensamento, território corporal e do mundo, o próprio ato criativo sozinho ou compartilhado. A coordenação de tantos músculos ao usar os instrumentos na tentativa de criar, brincar, descobrir, poder reconhecer os limites de seu corpo nutrido pelos sentidos, aliar o que pensa, o que sonha, o que quer dizer...de forma espontânea e natural. 
O grande avanço da espécie humana, o uso dos instrumentos, deve ser comemorado mas sem esquecer das relações de quem pega o pincel, quem faz um desenho, quem dirige um carro, quem joga ou simplesmente quem brinca, onde brinca, com quem brinca e em que tempo é permitido brincar. 
Que o brincar não fique só nas ferramentas tecnológicas. Um jogo no tablete por exemplo, não substitui a sensação de escorrer a tinta pelos dedos ou a magia de se ver formando uma imagem, fazendo simplesmente experimentações.
Portanto, devemos favorecer um espaço onde a criança faça suas próprias elaborações durante  a brincadeira com as tintas. 
Sim, o ato de pintar pode ser uma brincadeira! 
E que esta vá além dos muros das escolas e consultórios. 
Do branco do papel às cores, formas, nomes... ao impulso de criar, sem pressa, aberta  ao encantamento do novo. 

Dicas aos pais:
-tenha sempre em casa um jogo de tintas de várias cores e
-pinceís de diversos tamanhos, esponjas, e o que mais você encontrar junto com a criança
-tenha diferentes suportes: madeira, papel, papelão, caixas, potes de plásticos
-escolha um local da casa onde possa ter respingos de tinta e depois lavar. Pode ser também usado plástico no chão e combinar com a criança o limite da casa onde ela pode pintar.
-já vi opções interessantes onde a família reservou uma parede de azulejo na garagem de casa, por exemplo, para a pintura livre.
-coloque "roupa de guerra", ou seja, aquela que pode ser pintada. Pode ser também uma camiseta velha de adulto, além dos tradicionais aventais.
-incentive a criança a escolher os materiais e montar o espaço.
-desde que a idade permita, incentive a criança a limpar o local da brincadeira. Pode ser outra diversão e aprendizado.
-no caso de filho único, favoreça momentos de pintar com outras crianças. Chame um vizinho ou alguém da familia e promova uma tarde diferente.
-a depender da idade e circunstâncias deixe também alguns momentos a criança sozinha.
-procure não fazer interpretações intelectuais à produção ou comentarios que tem a ver com sua expectativa. Comentários são bem vindos, desde que seja numa atitude de escuta ao que a criança queira dizer ou numa troca espontânea que é comum aparecer quando o adulto realmente se entrega também a brincadeira. 

Lembre-se: a atitude do adulto é um elemento importante que possibilita um ambiente favorável para a criação espontânea.O mais importante é a criança  se sentir segura e confiante na entrega de pintar sem pretensão e sem pressa.
E boa diversão!





sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Capacidade de co-regulação emocional e Autismo


Por Marie Schenk

Autismo é reconhecido como uma desordem em espectro com vários graus de intensidade. É de difícil definição porque a síndrome é complexa e não há duas pessoas com o diagnóstico de autismo que manifestem a síndrome da mesma maneira.

Pessoas com autismo têm “atraso ou funcionamento anormal” em algum grau nas três áreas seguintes:

  • Interação social
  • Comunicação
  • Padrões de comportamento que são manifestados através de interesses ou atividades estereotipadas, restritas e/ou repetitivas.

Porém, no autismo, um dos pontos-chave da dificuldade está no desenvolvimento emocional. As pessoas com autismo têm como desafio a motivação, a persistência, o auto-controle e a curiosidade.
Marie e Pedro-ed02
O que mais caracteriza o autista não são os comportamentos apresentados, mas sim a omissão, o que a criança não faz, ou desconhece. O diagnóstico de autismo é mais preciso se baseado na dificuldade ou falha da pessoa em função do domínio específico sócio-comunicativo e relacional.

É importante ressaltar que o diagnóstico de Autismo, Asperger ou Transtorno Global do Desenvolvimento não prediz as dificuldades que a pessoa enfrentará na vida, tampouco define um prognóstico, e nem mesmo fornece aos familiares ou profissionais muita informação sobre o potencial individual da pessoa diagnosticada.

É muito provável que as características descritas da síndrome sejam descrições de mecanismos de defesa, e não de orientação inata. O nosso cérebro está sempre em busca de equilíbrio, enquanto processamos o que vemos, ouvimos, cheiramos, degustamos ou sentimos. Todas as nossas experiências sensoriais e emocionais impulsionam o crescimento de conexões, daí vem a necessidade pela busca da regulação.

Essa busca acontece através da auto-regulação e da corregulação emocional. Nós nascemos com a necessidade de desenvolver auto e corregulação, as duas estratégias são necessárias para que o mundo à nossa volta e as sensações das nossas experiências façam sentido para nós. Sendo que a corregulação, nos sistemas de pessoas com desenvolvimento típico, amadurece primeiro.

Autoregulação são as estratégias que desenvolvemos, centrados em nós mesmos.
Quando estamos em um estado de ansiedade usamos estratégias de autoregulação, como colocar coisas na boca (chicletes, balas, comida, café, cigarro), mover as mãos ou pernas, levantar, andar, buscamos nos entreter de alguma forma que acalme o nosso sistema nervoso. As pessoas com desenvolvimento social típico, escolhem estratégias adequadas ao contexto social em que estão no momento, já as pessoas com deficits sociais, como no autismo, simplesmente buscam a estratégia mais conhecida deles para essa autoregulação. Porém, as experiências sensoriais, mesmo de autoregulação, provocam em nós uma resposta emocional.

Corregulação depende da troca emocional com o outro.
A capacidade de corregular a emoção acontece através da simples presença do outro, do toque, do olhar, do tom de voz. As crianças em geral, aprendem melhor através de brincadeiras positivas que incluam movimento, de uma maneira que essa interação mostre uma intenção clara no relacionamento, sem demandas excessivas e fora de contexto. A habilidade do cérebro em organizar essas informações relacionais é mais sofisticada se focada nessas características englobando o desenvolvimento emocional, do que com o uso de palavras explicativas.

As pesquisas na neurociência estão ajudando a explicar como e por quê um bom desenvolvimento emocional é essencial para entender relacionamentos, pensamento lógico, imaginação, criatividade e até a saúde do corpo. Especialistas em desenvolvimento concordam que o único fator que otimiza o potencial intelectual da criança é um relacionamento seguro e de confiança com seus pais e cuidadores. Por isso, o tempo gasto com chamegos, brincadeiras, atenção total e uma comunicação consciente com a criança estabelece uma relação segura e de respeito que é a base da pirâmide do desenvolvimento infantil. Com um sistema emocional seguro, a criança consegue se concentrar em explorar o mundo à sua volta, impulsionada pela curiosidade

"TODO COMPORTAMENTO É IMPULSIONADO POR UMA EMOÇÃO, VOCÊ MUDA COMO UMA PESSOA SE SENTE E ASSIM MUDARÁ COMO ELA PENSA E SE COMPORTA." (ERIC HAMBLEN)


A capacidade de corregular a emoção abre as portas para  outras tantas habilidades importantes no desenvolvimento social, como coordenar-se com outra pessoa, seguir e compartilhar interesses.

Por volta dos 18 meses de idade, crianças com desenvolvimento típico já têm a habilidade de se coordenar fisicamente com seus pais, através do movimento de uma forma reflexiva e fluente, com pouquíssimo suporte. Com essa habilidade de coordenar movimento "masterizada", pode-se mover o relacionamento a um patamar verbal com uma troca de interesses, em que podemos compartilhar com a criança o que nos interessa e vice-versa.

Pessoas com autismo têm dificuldade de desenvolver a corregulação emocional, por isso tendem a buscar a regulação através da autoestimulação. Criar jogos e brincadeiras que estimulem a coordenação física de movimentos entre duas pessoas, como o simples ato de caminhar juntos à uma distância que permita uma troca social - esaa distância é no máximo de um braço -, fazer atividades diárias juntos, pensadas em uma forma de coordenar o movimento como no ato de puxar o lençol juntos para arrumar uma cama, carregar cestos e sacolas juntos, já são exercícios que estimulam a corregulação.

O cérebro humano tem um grande desejo em agradar, em impactar as outras pessoas de forma positiva, primariamente.  Somos programados para causar reações emocionais nas pessoas à nossa volta. Quando nossos sistemas têm uma desorganização, muitas vezes só conseguimos esse impacto emocional através de comportamentos opositores e provocativos. Mesmo nesses casos, o cérebro ainda receberá uma recompensa emocional mais forte se a pessoa aprender estratégias para impactar positivamente os outros. É um processo de volta ao curso natural, que não é fácil e imediato, mas extremamente necessário para uma melhor qualidade de vida e que depende do desenvolvimento da corregulação emocional.

Através da habilidade de corregular a emoção, também somos capazes de influenciar a nossa própria emoção, isso quer dizer, se eu estou feliz e eu faço você feliz, juntos, podemos fazer um ao outro mais feliz. Isso acontece através dos meus atos em relação a você. É por meio do compartilhamento do olhar, do toque, do tom de voz usado e das experiências, que nós vivemos juntos.

"Através de interações, não apenas com seus pares, mas também com outros adultos, além da capacidade de adultos e crianças intuitivamente interagirem entre si — para compartilhar suas ideias, seus pensamentos, suas experiências juntos, com o objetivo de que ambos compreendam e sintam emocionalmente a presença um do outro  — e assim sentir a intensidade ou intimidade, é que desenvolvemos relações pessoais mais significativas neste mundo." (Eric Hamblen)

As pessoas com autismo não querem viver isoladas, elas precisam, assim como cada um de nós, do convivio e do compartilhamento com outras pessoas. Ajudá-las e desenvolver a corregulação emocional, o compartilhamento de sentimentos, a ampliação da alegria, dividir suas incertezas e angústias, ter um guia para descobrir o mundo são metas a serem seguidas, para que as pessoas com autismo e suas famílias tenham uma melhor qualidade de vida.


Marie Dorión Shenk é relações-públicas, fez vários cursos sobre autismo, incluindo de RDI, nos Estados Unidos e é mãe do Pedro, de 8 anos, e do Luís, de 6 anos — ambos estão no espectro do autismo —, além de manter o blog "Uma Voz para o Autismo" (UmaVozparaoAutismo.blogspot.com), seu e-mail é autismo@live.com

http://www.revistaautismo.com.br/edicao-2/capacidade-de-co-regulac-o-emocional-e-autismo

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Livro com jogos e brinquedos adaptados para crianças com deficiência visual

Toda criança tem o direito e precisa brincar!
Mas nem sempre é tranquilo pois existem alguns motivos que podem dificultar o acesso ao universo lúdico. Como nos casos em que a criança apresente algum impedimento orgânico seja ele mental, físico e/ou sensorial.

Sabemos que a maioria dos brinquedos não são adaptados para crianças com alguma disfunção. Mas elas tem o interesse e necessidade como qualquer criança. Falo isso em outras postagens 
http://terapiaocupacional-bethprado.blogspot.com.br/2011/02/delicadeza-entre-querer-e-poder-brincar.html
Desta vez deixo o link para acessar um livro muito bom que fala de jogos e brincadeiras para crianças com deficiência visual promovendo a inclusão tão necessária para se viver em comunidade. Vai lá!
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Brincar, sempre!

Hoje, 12 de outubro, dia especial dedicado às crianças! 

Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

E como não falar em brincar?!

Amarelinha, pião, pega-pega, soltar pipa, corrida de saco, batatinha frita 1,2,3, bola de gude, baralho, chocalho, brincadeira de roda, queimada, cama-de-gato, carrinho, boneca, jogo de sombras na parede, fazer chá para as bonecas, balançar, pintar, esconde-esconde, brincar de estátua, de cabana...enfim tudo que podemos, na medida do possível, vivenciar na infância e quiça hoje transmitir para as crianças deste tempo um ensinamento tão natural de viver com o corpo, mente e alma de forma integrada. 

O brincar alia o que precisamos apreender,  elaborar, expressar, imitar, modificar, criar..."coisas dos modos". Começar, durar, terminar, persistir, mudar..."coisas do tempo".

No post de hoje indico um livro: "Jogos de todo o mundo. Mais de 100 jogos individuais e de grupo". Da Ciranda Cultural. Autores: Oriol Ripoll e Rosa Maria Curto. 
Um livro didático e bem abrangente que conta sobre as brincadeiras dos diversos países. Comprovando que em qualquer idade, condição orgânica, raça e cultura há sempre um tempo e lugar para brincar!




Na dúvida, brinque. Sempre! Com a sua criança e com quem estiver por perto.

Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down

De olho na informação!
Segue o link do material elaborado em 2012 pelo Ministério da Saúde.

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/diretrizes_cuidados_sindrome_down.pdf

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os sentidos do corpo e significados do imaginário - brincando com recursos sensoriais na terapia ocupacional


Por Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Vamos combinar que já lemos algo sobre Transtornos do Processamento Sensorial, ou Distúrbio de Integração Sensorial(vide outras postagens). 
Mas antes do transtorno, distúrbio, espectro, síndromes e muito mais, há o sujeito, no caso, a criança...e com ela o seu desenvolvimento, sua história, sua família e, se houver, alguma diferença no desempenho.
O que precisamos é saber de que lugar inicia a dificuldade e aliar uma boa compreensão de COMO a criança prefere interagir, brincar, comunicar,  aproveitando os "momentos de ouro" da infância.

Quando a acomodação sensorial organiza a brincadeira e vice-versa
Em um programa de terapia ocupacional muitas vezes nos deparamos com a necessidade de favorecer um ambiente para a criança aprender gradualmente a auto-regular-se em suas vivências sensoriais. A partir daí se conhecer, perceber como lidar nos ambientes, o que precisa para bem viver nos diversos papéis que ocupa na família, escola e comunidade.

Nós, terapeutas, podemos cair na tentação de "receitar" atividades para estimular os sentidos de modo mecânico que talvez não traga benefícios reais para a criança. 

Uma boa terapia é o lugar de encontro da criança com tudo que interessar à sua vida, com seus temores, desafios, gostos, risos e potencial para desenvolver. 
Isto pode ser feito valorizando a  imaginação e criatividade...com muita diversão! 

Dica:
Para crianças com *dificuldades no processamento sensorial tenha sempre por perto diversos materiais sensoriais que possam ser transformados em objetos lúdicos: por exemplo, um colete de neoprene (como se vê na foto) que dá uma pressão profunda pode ser um colete de um jovem guerreiro que carrega uma espada super especial. Espada imaginária que pode ser no mundo físico real de cerdas macias. E que às vezes nem é uma espada mas outro objeto para se proteger.

É legal ter disponíveis materiais com texturas, pesos, cores, volumes, temperatura, solidez, mobilidade e plasticidade diferentes para compor o que chamamos a "dieta sensorial" necessária para cada perfil sensorial, mas nunca esquecendo que é o subjetivo que escolhe e sustenta para se tornar significativo.

Assim são construídos novos mapas de território e de significados a todo momento em que a criança estiver disponível e o ambiente favorável. 

Estou falando de corpo, emoção e cognição - todos dependem de um bom processamento das sensações.  


* Presente em algumas crianças com dificuldades de aprendizagem, do espectro autista, transtorno de coordenação, síndromes, entre outros.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

As coisas que nos fazem únicos - Autismo não é doença

Indico este vídeo pois ele retrata um aspecto importante: 

como cada um de nós sente, processa e responde às inúmeras solicitações do meio ambiente a partir de um modo próprio de existir.  

E que este pode ir se modificando a depender das oportunidades da vida, do contato consigo e com os outros... valorizando a identidade.

Pense nisso antes de achar que o Transtorno do Espectro Autista ou qualquer diferença no desenvolvimento é algo muito longe da nossa forma de viver. 

Podemos aprender a cada segundo da vida!
Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dica de atividade para sala de aula - impressão das mãos


Que tal fazer um exercício agora? Olhe esta imagem e preste atenção em que ela te afeta. 
Depois leia meu comentário. Quem sabe você pode perceber formas variadas a mais das que sugeri em como utilizar esta atividade.
Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO 


Esta dica veio como sugestão para o ensino dos fonemas para crianças com dislexia. 
Achei muito interessante para qualquer criança, pois vai além disso!

Imprimir as mãos com diferentes cores, posições, partes, totalidade, dimensões, combinações. 

Usando a imaginação, memória, percepção, reprodução, história, criação. A partir do corpo!

Em sala de aula dá para fazer várias brincadeiras:

- em subgrupos compondo cenas aliando a alfabetização. 
Dica: vale investir no uso combinado de representações. Os mapas neurais agradecem!
- como composição de "frases-charadas"
- material riquíssimo para lidar com os conceitos matemáticos. Os quais começam a partir das nossas dimensões corporais e do tempo das nossas ações e recombinações.
- podendo inclusive usar outras partes do corpo. O que mais podemos compor com as mãos e joelhos?
Dica: a propriocepção (sentido do corpo) bem vivenciada traz benefícios para o estado de alerta e atenção, além de uma melhor habilidade na coordenação motora ampla e fina.

Vale lembrar:

Integrar sensação e movimento leva a uma percepção mais apropriada do corpo...do real ao imaginário. Não necessariamente nesta ordem.
A arte instiga a estética, a criação e, apesar que algumas pessoas esquecem disso, também o raciocínio e aprendizagem.

domingo, 2 de setembro de 2012

Dica de brincadeira e livro para criança a partir de 6 anos

Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO
Estava em um dos meus passeios favoritos: livraria.  Achei um sonho de livro que há muito tempo tive vontade de fazer algo parecido. Mas ele veio melhor do que meu sonho. Repleto de sequência dos passos daquela brincadeira que na minha infância se chamava: Cama de Gato. 

Quem nunca ficou horas com outro amigo, criança ou adulto, entrelaçando os dedos com barbante tentando até conseguir fazer a cama de gato? 

Bem,  para quem não conhece esta é uma brincadeira onde colocamos um pedaço de barbante inteiro  (unido por um nó) entre as maõs e ao fazer uma sequência  pré-estabelecida com os dedos vamos criando desenhos a partir das novas formas que aparecem. O parceiro tem que tirar a armação sem desfazer e daí podendo seguir em outras formas.
E o melhor, neste livro tem sugestões de outros desenhos.  
Nesta brincadeira estamos incentivando:
-o uso e dissociação dos dedos
-discriminação sensorial
-habilidade da coordenação motora fina
-dominio do tônus muscular
-relação espacial e demais faculdades da percepção visual
-sequência nas praxias
-tolerância a ensaio-erro
-maturação da lateralidade
-cruzamento da linha média
-cooperação 

Continuo fã daquelas brincadeiras onde naturalmente se exercitam diversas habilidades importantes para o desenvolvimento global, de maneira divertida.

Além de ser indicado para qualquer criança em idade escolar uso na clínica com crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação ou Dispraxia de Desenvolvimento, e outras defasagens no desempenho escolar. Uso de maneira criteriosa, quer dizer, a criança precisa ter condições de fazer para não se frustar. E muitas vezes é necessário uma adequação do modo da criança aprender o jogo, de acordo com a idade e, se tiver, alguma disfunção.

Toda brincadeira e jogo devem ter no mínimo o consentimento, prazer, ludicidade e envolvimento ativo da criança. Caso contrário passa a ser um exercício que pode cair só no campo de interesse do adulto.

Vai lá no site da editora www.catapulta.net

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Crianças com Disfunção do Processamento Sensorial


Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

Como já falei em outras postagens há crianças que apresentam comportamentos sem causa aparente, tais como, movimentos "desajeitados", atraso nas habilidades finas, dificuldades na atenção e concentração, evitam de forma exagerada certas brincadeiras comuns às crianças de sua idade, insegurança emocional, labilidade de humor, entre outros. A combinação destes sinais sugerem dificuldades na ordem sensorial.

Quando estas dificuldades afetarem:
- o desempenho escolar
- autonomia das atividades da vida diária
- no relacionamento social
 Está na hora de procurar um especialista para uma avaliação.

http://www.sheknows.com/parenting/articles/962654/kids-with-sensory-processing-disorder

A Desordem  do Processamento Sensorial é um diagnóstico que tem tratamento.
Além de outras postagens no blog veja também este do " The Sensory Espectrum"
http://www.sheknows.com/parenting/articles/962654/kids-with-sensory-processing-disorder

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Bebês com atraso de desenvolvimento


Situações não favoráveis contribuem para o atraso de desenvolvimento global em alguns bebês. Sejam elas de causa genética, situações orgânicas da gestação, parto e pós-parto, inclusive a prematuridade. Além destas, há aquelas de risco e exclusão social das famílias podendo levar a defasagem motora e intelectual da criança.
Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO

É importante os pais estarem atentos a qualquer dúvida que se tenha sobre como seu filho se movimenta, reage a diferentes sensações, como dorme, se alimenta, brinca e se relaciona com os outros. 
O bebê e a criança se desenvolvem por meio do brincar.
A terapia ocupacional estuda e pratica o brincar como recurso terapêutico

Na dúvida sempre leve a um profissional especializado. Quando os pais suspeitam há grandes chances de realmente ter um atraso mesmo que, infelizmente, alguns profissionais insistam em dizer que "não é hora para levar ao terapeuta".

Devemos lembrar que quanto mais cedo sejam favorecidas brincadeiras e condições diárias para o bem estar e desenvolvimento a criança segue os passos do seu crescimento da melhor forma possível.

Achei um link muito bom como sugestão para acompanhar o desenvolvimento motor. Mesmo para aqueles que não dominam o inglês as fotos são muito elucidativas. Bom proveito!

http://www.skillsforaction.com/node/677 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vídeo: como um jovem do Espectro Autista vê o mundo

"El mundo según Javier"  http://vimeo.com/39688888

 

Ana Elizabeth Prado
Crefito 3/1670 TO
Um vídeo simples e real que aborda como um jovem vê e se relaciona com o mundo.
Dá dicas para compreendermos melhor e saber abordar pessoas com este perfil sensorial.
Algumas pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) apresentam dificuldade em regular como receber e registar as informações sensoriais podendo prejudicar a aprendizagem e relacionamento social. Alguns até no desenvolvimento da coordenação motora.

Tato, visão, audição, paladar, olfato, sentido do corpo(propriocepção) e o sentido vestibular (regulação tônica e equilíbrio) podem estar comprometidos nesta regulação.

Por isso que nas coisas mais simples como andar na rua com ruídos altos e desordenados, um abraço de alguém ou algo inesperado que muda a rotina pode provocar um estado de desorganização que muitas vezes se manifestam em forma de choro, grito, comportamento isolado, corrida para fugir, atirar coisas ou mesmo se bater.
Vale salientar que todo comportamento deve ser analisado e que cada pessoa pode reagir de forma diferente e que as causas são diversas.
Não existe receita, mas caminhos próximos que podem levar a uma melhor compreensão e ajuda para estas pessoas.

Recebi este vídeo pelo http://www.facebook.com/autismodiario 
Vai lá e curte a página!