segunda-feira, 5 de março de 2012

Quando o choro do bebê e da criança pequena vai além do esperado

Ana Elizabeth Prado
Credito 3/1670 TO
Onde tem criança pequena, em algum momento, tem choro. Todo ser vivo tem seus mecanismos de adaptação e passa por ciclos diariamente para organizar-se e prosseguir evoluindo. O ser humano pode chorar para comunicar dor, desconforto e diversas emoções.
Quando o bebê chora pode estar com fome, com dor ou com algum desconforto nos horários de alimentação, durante as brincadeiras, e nas transições do dormir e acordar. Há ainda o choro decorrente de alguma alteração orgânica de doenças e, em alguns casos, de origem neurológica que podem justificar o choro contínuo. Por isso sempre deve ser investigado a causa do choro primeiramente pelo pediatra para depois seguir com outros profissionais no entendimento do bebê que chora constantemente, e assim fazer as necessárias intervenções.
Algumas crianças apresentam dificuldade em regular o ciclo de sono/vigília muitas vezes prejudicando o ganho de peso e seguimento das etapas do desenvolvimento, além do estresse que causa no meio familiar. Diante disso as mães podem ficar devidamente cansadas e frustradas por não conseguir entender e acalmar o seu filho.
Na terapia ocupacional, sob um olhar de Integração Sensorial, há um foco central: observar como o bebê se organiza no mundo que vive e, a partir daí fazer os ajustes necessários para ajudar a formar o encontro da criança, família e cuidadores.

Algumas observações são importantes para entender o comportamento do bebê:
Como o bebê adapta-se às alterações do seu corpo e do meio ambiente? Como recebe e responde às diversas informações sensoriais que acontecem a todo o momento dentro e de fora do seu corpo? Ou como o bebê reage quando tem cólica, a um ambiente barulhento ou a um determinado toque? Qual a hora do dia que o bebê está mais disponível para brincar e interagir ou, em que momentos chora?
Como se dá a interação e contato dos pares afetivos? Como pede e reage aos cuidados da mãe, pai, outros membros da família e cuidadores?
Quais as oportunidades que o meio oferece para que o bebê faça as interações e explorações favoráveis para o seu crescimento?
Essas são algumas observações que fazemos na terapia ocupacional quando recebemos um bebê que chora constantemente e, que pode apresentar dificuldades de auto regulação, um processo do sistema nervoso central que amadurece durante o desenvolvimento. Isto será avaliado diante de outras manifestações.

O assunto é vasto, mas há um conceito importante na teoria de Integração Sensorial: segundo a terapeuta ocupacional Winnie Dunn cada um de nós possui um “perfil sensorial” e que irá influenciar diretamente no modo como interagimos ao meio formando um comportamento singular durante toda a nossa vida. Há crianças (e adultos) que preferem brincadeiras com fortes estímulos e correm até certos riscos. Já outras que preferem ficar mais quietas olhando e assimilando silenciosamente sem precisar ou querer experiências radicais. Não há certo ou errado, desde que isso não atrapalhe o desenvolvimento das habilidades de forma geral ou que não prejudique o modo de vida social. Este é o ponto de partida para avaliar a necessidade da ajuda de um profissional. No caso do bebê é o seguimento das ações essenciais de vida como alimentação e ciclo sono/vigília bem como aquelas para o desenvolvimento global, as aquisições sensório-motoras, brincar e interação.
Para os pais, cuidadores e terapeutas:
-procure entender as preferências sensoriais do bebê. Ajuda muito se você fizer o exercício com você mesmo: observe qual a melhor hora do dia para você fazer determinadas atividades. Perceba o que você faz para ficar alerta durante o dia e o que você faz para “se desligar”. O que você procura mais e o que evita? Como reage quando não gosta? Como procura e como finaliza a atividade que gosta? Isto dará mais instrumentos para entender a natureza do bebê.
-observe o que o bebê gosta de brincar: com o próprio corpo, com o outro e com os brinquedos considerando a faixa etária. Quais os movimentos que ele gosta de fazer ou se evita algum movimento ou posição.
-algumas vezes o choro excessivo do bebê e da criança pequena está associado a outros sintomas como reação diferente a toques no corpo, a sons, movimentos, estímulos visuais, cheiros, texturas. Se existe alguma dificuldade nas ações cotidianas como hora do banho, alimentação, trocar de roupa e hora de dormir procure verificar o que mais o desagrada e experimente graduar os estímulos fazendo pequenas alterações para um melhor proveito. O choro contínuo pode ser um aviso que algo está excessivo ou em falta.
-saiba que os estímulos sensoriais são muito importantes para o desenvolvimento motor, afetivo e social, pois eles amadurecem integrados e se ajudam mutuamente.

Nas crianças que precisam de intervenção o programa de terapia ocupacional se baseia em como reorganizar uma rotina por meio de estímulos sensoriais graduados de acordo com o que o bebê precisa para amadurecer o processo de auto regulação visando um crescimento sem estresse. Em terapia a família aprende a ler os sinais e incluir espontaneamente as sugestões terapêuticas no dia a dia contribuindo para a criação dos vínculos necessários para a saúde e fortalecimento da personalidade do bebê.


2 comentários:

  1. Caramba, Adorei! Vim dar uma olhadinha nas atualizações que há muito tempo não via e encontrei uma ótima orientação justamente pra o que mais estava atrapalhando o meu estágio no atendimento de um bebê. Ele chora bastante se sai do colo da mãe e está sendo bem difícil, vou tentar me basear um pouco nessas dicas pra ver se consigo entender melhor o bebê.

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    1. Muito bem. Tente perceber o que o incomoda. Veja se é importante para ele sair do colo da mãe, ou como vc pode fazer a passagem de uma forma diferente. Além dos dados específicos que sua supervisora pode lhe passar para olhar.
      A Integração Sensorial ajuda muito a entender como funcionamos. Bom trabalho.
      A propósito, qual o seu nome?

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